A metrópole narrada por Flávio XL em “Epístolas Urbanas”, disco com oito faixas, vai além do rap e apresenta as andanças e visões do MC. Flávio é mais um rapper que desenvolve suas rimas simples, sem muitas citações literárias e abstração forçada num solo que não é nada gentil para os jovens negros, onde o processo de naturalização das mortes dos que têm pele escura.
Por me deixar respirar, por me deixar resistir
Segundo a Anistia Internacional, aumentaram o número de homicídios causados por policiais no Brasil. E é nesse contexto que Flávio XL fala de resistência com sua poesia ácida, mas cheia de esperança. “Diamantes só se formam na pressão”, diz o MC na música “Diamantes”.
Em “Babilônia parte um”, o rapper utiliza trecho da música “Deus lhe pague”, de Chico Buarque, para falar sobre a violência e o medo que se instala na parte mais pobre do mapa.
As ruas que XL percorre com seus versos- sustentados por bons beats de Dudu Foxx- podem ser as mesmas transitadas pela galera que rima sobre comprar, fumar, consumir e ostentar o melhor produto, mas o foco de “Epístolas Urbanas” é a busca por emancipação num país racista.
“Tá fumando beck bom, tá comendo várias minas? Foda-se”, dispara Flávio XL na faixa “Babilônia parte dois”. Existem outras vidas, outras formas, outras lutas.
Leia entrevista que Flávio XL concedeu ao ZonaSuburbana em novembro de 2016 (clique AQUI).
Ouça o Disco: