Celebrando o aniversário do primeiro disco solo de uma das rappers mais influentes do hip hop, resgatamos um texto dos anos 90 que fala sobre uma decisão difícil da cantora.
“The Miseducation of Lauryn Hill”, álbum solo de estréia da norte-americana Lauryn Hill, foi lançado em 25 de agosto de 1998, pela Columbia Records. O disco, que ganhou diversos prêmios, fez 18 anos ontem e foi um marco na carreira da cantora que fez parte do grupo Fugges. Abaixo, leia trecho de um artigo de Christopher John Farley, publicado na revista Time , em 1999, que revela a atitude e consciência social da artista:
É sexta-feira à noite no camarim do show Saturday Night Live. Lauryn Hill está sentada num sofá com um script na mão. A rapper/cantora/atriz de 23 anos é a convidada musical da semana e essa é a sua primeira participação em um programa de TV ao vivo. Ela acaba de lançar o álbum “The Miseducation of Lauryn Hill”, um sucesso de crítica e vendas. Os produtores do show lhe pediram que participasse de um número do programa, mas à medida que vai lendo o script, sua boca se contrai em um gesto de insatisfação. O título é “Conversa de cafetão”.
A história é sobre um gigolô que possui um talk-show na televisão. O papel de Hill: uma prostituta. Embora seja uma grande oportunidade participar do Saturday Night Live, o papel poderia comprometer sua imagem de artista que luta por causas sociais.
O tempo passa: Estamos na loja Emporio Armani, na Quinta Avenida, em Manhattan. Nessa noite, acontece um show beneficente para o Projeto dos Refugiados, uma instituição sem fins lucrativos fundada por Lauryn Hill, criada para encorajar a consciência social entre a juventude urbana. Todas as câmeras se voltam para ela. Sua participação no programa Saturday Night Live trouxe seu álbum de volta às paradas de sucesso. Em poucos dias, ela estará sendo indicada para dez prêmios Grammy, um recorde para uma cantora.
No final, Hill não fez a cena da prostituta no show. Disse que se sente identificada demais ao hip-hop para interpretar um papel que pudesse comprometer a mensagem de sua música. Ela se volta à multidão: “Sou apenas o veículo pelo qual as coisas caminham. Eu mesma não sou ninguém”.
Ouça o disco “The Miseducation of Lauryn Hill”: