sexta-feira, novembro 22, 2024

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A festa preta de Aláfia e seus convidados Baco Exu do Blues e Djonga no Ovelha Negra Fest

Sob a organização de Samuca, o Ovelha Negra, uma frente de produção preta, realizou nesta quinta feira véspera de feriado, sua segunda edição do evento “Ovelha Negra Fest”, desta vez em São Paulo. As apresentações ocorreram numa fria madrugada do dia 02/11 no Cine Joia e contou com a participação de dois dos grandes novos nomes do rap, o mineiro Djonga e baiano Baco Exu do Blues.

Se temas como África, ancestralidade, racismo e resistência são assuntos abordados de forma categórica pela banda Aláfia, este certamente foi também o título que uniu o grupo às duas grandes revelações do rap atual para arranjarem em versões instrumentais e orgânicas suas músicas pela proposta do evento.

Aláfia que lançou este ano seu terceiro disco “SP Não é Sopa” abre seus próprios caminhos, e para além da classificação de sua música em um gênero, pode se dizer que por meio de elementos como o funk, o candomblé, o rap, o baile black, o experimentalismo, a poesia e as aliterações em suas letras, eles dão o tom de sua música. E não é ousado dizer que é uma banda digna de espaço elevado na MPB.

Todo esse Alafia sobe ao palco do Cine Jóia por volta de 1h da manhã. Abrem um show cheio de energia com a música “SP Não é Sopa”. Na sequência mandam “Primeiro Barulho” e no final da música, o vocalista Jairo Pereira se posiciona num discurso sobre racismo. Seguem com “Mulher da Costa” e “No Fluxo”. O show que já estava animado, entoando o público em vários refrões, pegou fogo em “Salve Geral”. Mudando um pouco os ânimos, Xênia França, vocalista senta no palco, e com sua presença e voz belíssima canta “Primeiro do Ano”.

Na sequência “Proteja seu Quilombo” e após “Baile Black” que costuma invocar uma áurea nostálgica no público, que interage com a banda fazendo os passinhos típicos dos bailes dos anos 60. Em “Liga nas de Cem”, a música vai como quem manda um recado. Eduardo Brechó faz uma breve avaliação de cenário para anunciar a primeira e aguardada participação: Djonga e um jeito descontraído, marrento chega junto e o público se agita, vem para frente, saúda o rapper que faz um discurso contra o racismo e a banda solta “Esquimó”. O refrão soa como uma pedrada junto ao coro do público. Na sequência “Geminiano” e encerrando sua apresentação sensação sensacional, já um bordão do rapper na música “Olhos de Tigre”, maioria de seu disco “Heresia”.

Mantendo os corações agitados, sobe ao palco logo depois Baco Exú do Blues. Numa de suas primeiras apresentações em São Paulo após lançamento de seu disco “Esú”, o rapper é ovacionado e assim começa seu show com a música “Tropicália”. Emendam com “A Pele que Habito” uma escolha feliz para o set, uma versão belíssima de Arthur Verocai pelos arranjos do Aláfia. Numa pegada de axé e a batida pesada do rap, seguem com “999” e quando se pensa que é o final de sua apresentação, o grupo chama o público numa capela com a romântica “Te Amo Disgraça” que encerra a apresentação de Baco.

Aláfia segue para o fim com “Punga” e encerrando com “Preto Cismado” onde da plateia mesmo surge surpreendente, Tássia Reis para fechar o evento com o grupo, música a qual faz parte no disco também.

O grupo conta não apenas com todo um virtuosismo, engajamento e uma maturidade musical notável, como também com o carisma de seus vocalistas, que dançam, conversam, e mantém a atenção do público fixo neles do início ao fim do show. Aláfia democratiza a boa música e discursos sérios de forma alegre, numa composição certeira que garante o significado de seu nome em Iorubá: todos os caminhos abertos. Grande noite. Viva a música negra!

Confira algumas fotos:

Fotos: Thais Ribeiro

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