Durante o período de quarentena em consequência do novo coronavírus, Linguini produziu, escreveu e gravou seu novo EP, intitulado “Pique Pitbull”, lançado nesta sexta-feira (24). Apesar de a produção ter sido feita no isolamento social, as 4 faixas carregam influência das ruas e aglomerações onde esteve presente nos últimos anos.
De dentro do seu quarto, Linguini reúne as sonoridades obscuras do funk belorizontino junto aos pontinhos, samples e vocais clássicos que foram coletados desde a época dos bailes de corredor. Na produção também há influências da música eletrônica urbana de Londres, como Grime, Drill e o Riddim/Dubstep e um flerte momentâneo com o trap. Com toda essa mistura, a obra não pode ser rotulada, mas carrega em si uma estética futurista, rueira e obscura.
Em 2016, inspirado nas ocupações estudantis motivadas pela PEC 55/241, Linguini lançou sua primeira faixa, produzida de forma independente, e gravada dentro de uma sala de aula. A faixa “A.C.A.D” foi um marco para o movimento estudantil belo horizontino, em específico para os estudantes do CEFET-MG.
Ao tocar em temas educacionais, político-sociais e acadêmicos, que relacionam com fatores psicológicos e de convivência dos estudantes, ganhou grande representatividade e força por meio deste público. A repercussão da faixa seguiu como impulso para o rapper lançar seu primeiro trabalho solo em janeiro de 2018, o EP “Cobrança”. A obra é composta de letras compostas e registradas entre o período de 2016 e 2017.
Ouça “Pique Pitbull”:
Em fevereiro de 2020, Linguini lançou seu álbum “O Imperfeito Cozinheiro das Rimas Deste Mundo”, onde busca resgatar elementos e sonoridades nacionais de diversos cantos do país, circulando desde a década de 60 e 70 até os dias atuais, por meio de samples e instrumentos diversificados. O título é inspirado no livro “O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo”, de Oswald de Andrade e seus amigos, lançado em 1918, precursor do movimento modernista.
Linguini, dos beats aos versos, busca cozinhar grandes referências nacionais e servi-las em um prato que ora sai quente e em outros momentos acaba saindo frio.
Às vezes, cru demais para conseguir ser digerido de primeira, ou cozido demais pra se comer apenas uma vez. Podendo assim explicitar as dualidades, inconsistências, fragilidades e acima de tudo sua IMPERFEIÇÃO.
Após o lançamento do seu novo disco, com o período de isolamento social, o artista entrou em um novo ritmo de produção dentro de casa, e se sentiu apto a explorar novas sonoridades, junto à influências que acompanharam sua vida por algum tempo e que não puderam ser inseridas em obras anteriores. Como por exemplo: o house, o funk, hip hop 00’s, uk sounds e o neo soul.