JuPat inicia o aquecimento para seu próximo disco com a estreia de “Acordar”. Single, composto em parceria com Dandy Poeta, constrói ponte entre “Toda Mulher Nasce Chovendo”, lançado em 2018, e “Nadando com os Peixes que Voam”, ainda em fase de produção.
Em “Acordar”, é relatado a vida e morte da artista, verbalizando ainda suas desconstruções sonoras. Se antes era conhecida por partir da estética encontrada no rap, agora começa suas outras experimentações em um universo mais solto e livre, ouvindo o que as camadas mais profundas do seu corpo querem dizer e cantar.
“Essa letra veio em plena turbulência daquele período eleitoral de 2018, quando estávamos assistindo diante dos nossos próprios olhos a chegada de um cenário de ódio, demolição e ataques à liberdade de ser e de amar. Registramos esse tempo e projetamos, verso a verso, um escape para tudo isso. O mais interessante é perceber que, apesar de ter sido escrita há quase 2 anos, é um papo extremamente atual. O cenário político nos traz essa sensação. A destruição vem de uma forma cada vez mais forte e mais explícita, acentuada agora pela pandemia, por esse clima de estarmos vivendo coisas que só víamos em filmes de distopia”, conta JuPat.
O filme “Koyaanisqats” foi uma inspiração, segundo a artista. Nele, uma produção sem diálogos e com imagens cheias de beleza retratam a autodestruição da humanidade.
Para reforçar essa narrativa, um registro visual foi concebido a partir de uma produção caseira. O ponto de partida foi uma performance corporal de Dani Ursogrande, com um pano escuro, dando a ideia de nascimento. Ou, como chamaram, parindo o que primeiramente se intitulou “xoxota cósmica” e depois, para ser mais inclusivo, “cuceta cósmica”.
Entre uma cena e outra, um clima onírico, nostálgico e futurista ganha destaque. “Usamos arquivos da minha infância e fizemos a sobreposição da estética VHS com o glitch. Esses arquivos, pessoais, acabaram me atravessando de um jeito ainda mais forte, pois a contraposição desse período de criança para uma pessoa trans, ao lado de fotografias de um presente pós-transição de gênero, tem esse caminho histórico de transformações, revelações, de superações e tantas outras coisas mais”, comenta.
Anna Júlia Santos e Pedro Milan são as mentes criativas que assinam a direção. Ana Roman, Luana Regina e Joana Cid a edição. Confira o single abaixo.