O álbum “Once Upon a Time in Shaolin”, do Wu-Tang Clan, confiscado em 2018 pelo antigo gestor de fundos Martin Shkreli, foi vendido pelo governo dos Estados Unidos da América, anunciou o Departamento de Justiça.
Em comunicado divulgado na terça-feira, o Departamento de Justiça anunciou ter vendido a única cópia do álbum do coletivo de hip-hop a um comprador cuja identidade permanece confidencial.
As receitas provenientes da venda reverteram para o valor em dívida por Shkreli resultante da sua condenação em tribunal por fraude.
“Shkreli foi responsabilizado e pagou o preço por mentir e roubar investidores para enriquecer. Com a venda de hoje deste álbum único, o pagamento da sua dívida fica completo”, afirmou, no mesmo comunicado, a procuradora Jacquelyn Kasulis.
Em 2017, Shkreli foi condenado por duas acusações de fraude e uma de conspiração por orquestrar uma série de esquemas para defraudar investidores de fundos de investimento e manipular o valor e o volume de troca de uma ação farmacêutica.
Shkreli foi condenado a sete anos de prisão, a que se seguirão três de libertação supervisionada, tendo ainda de pagar $ 388 mil dólares e uma multa de $ 75 mil dólares.
Como recorda o Departamento de Justiça norte-americano, em 2015 “Once Upon a Time in Shaolin”, foi promovido como “uma obra de arte e um artefacto áudio”, incluindo uma caixa de prata, com gravuras feitas à mão, além de um manuscrito com capa de cabedal contendo as letras e um certificado de autenticidade.
O álbum do “supergrupo” norte-americano consiste num exemplar único e gerou tensões dentro do coletivo, devido à forma como foi promovido.
Um dos elementos, RZA, disse, em 2019, que faria tudo de novo, em declarações ao Business Insider: “Sou fortemente contra a desvalorização da música, sou fortemente contra o sentimento de posse que as pessoas sentem em relação à música. Essa campanha foi uma exploração política e artística sobre o assunto. Agora, como acabou nas mãos desse tipo e todas essas coisas, faria tudo de novo porque é o mito de Wu. Wu-Tang também tem uma mitologia”.
Em declarações citadas pelo New York Times na terça-feira, a advogada de Shkreli disse ter falado com o seu cliente, que se mostrou satisfeito com o valor da venda e que acrescentou “RIP O.D.B.”, lembrando o “rapper” que esteve na fundação dos Wu-Tang Clan e que morreu em 2004.