A sensualidade e a melodia do R&B se juntam ao desatino e melancolia do brega em “ROSSI”, primeiro EP do cantor e rapper Alemar. O projeto é uma digna homenagem a Reginaldo Rossi, ícone da música brasileira, falecido em 2013. Com 7 faixas, incluindo um interlúdio, o disco tem a sonoridade marcante do trapsoul, gênero mais romântico e menos agressivo do trap. Na parte lírica, as letras sofrem grande influência do Rei, mas com um toque essencial de hip-hop.
“O EP foi pensando no ano de 2018, mas só comecei a produzir no segundo semestre de 2019, lá no estúdio DiResponsa, na Zona Norte, por intermédio do meu amigo e produtor Gilberto Ganjaboa. Eu pensei em dar a cara melancólica do Rossi, a dor que só o amor consegue entregar em pratos frios. Ele era o Rei nisso. Cresci ouvindo brega. Na periferia da cidade de Itapevi só rolava forró, brega e rap“, afirma Alemar.
O disco também é acompanhado de um mini documentário, já disponível no YouTube. As imagens revelam detalhes do processo criativo do projeto, produzido por TH, RIFF e Léo Machion. O audiovisual foi dirigido por Adler Alcaraz, com edição de Bruna Barreto.
“Uma das coisas que mais admiro nele é a humildade. Normalmente as palavras Rei e humilde não caminham juntas, mas não no caso do Reginaldo Rossi. Ele não media esforços pra poder ir a qualquer lugar do Brasil pra mostrar suas canções. Ele sempre conversou a língua do povo, e no meio deles era o seu lugar preferido para estar. Outra coisa é a genialidade de composição e a forma intensa que ele tratava a música, com uma simplicidade sem igual“.
Cada faixa do projeto se relaciona de alguma forma ao Rei do Brega. O single “Garçom“, por exemplo, tem na composição a narrativa característica do jeitão Reginaldo de ser. Já “Coca-Cola e Rum“, bebida favorita de Rossi, fala sobre o estilo de vida do músico, a rotina de shows e as mensagens que passava ao público com sua arte. “Beber“, com participação de Jhany Oliveira, aborda as indecisões de um relacionamento e da angústia de uma possível separação. O disco tem ainda as canções “Guns“, “Louco“, “Tempo, Palavras e Planos” e o interlúdio “Pulmão“.
“Gostaria de mostrar como as formas de falar de amor e dor são inúmeras e que o brega mesmo que taxado muitas vezes como exagerado é a forma mais simples de mostrar os efeitos da melancolia. E também que temos muitos estilos no Brasil que podem ser misturados com excelência com outros estilos musicais do mundo“, ressalta.
Apesar de ser um tributo, “ROSSI” é autêntico, um verdadeiro disco de R&Brega, como o criador da obra gosta de nomear. Alemar consegue colocar sua identidade em cada som de forma magistral, como se estivesse recebendo o bastão de seu antecessor Reginaldo. Quando o assunto é o Rei, o rapper não esconde o carinho que tem. É seu ídolo máximo na música.
“Se eu pudesse conhecê-lo, certamente agradeceria pela inspiração e o chamaria para tomar uma Cuba Libre. Depois ouviria todas as histórias incríveis de vivência dele, que com certeza são muitas“, completa.
“Não costumo me rotular somente como um rapper e sim também como um cantor. Sou totalmente influência por música preta da raiz até o mais experimental e faço críticas sociais. Mas, até mesmo em um EP de R&Brega, existe uma dose de rap de mensagem, vocês vão ver!“, finaliza.