As camisas de time são moda dentro das periferias brasileiras há muito tempo. Não, essa moda não surgiu na internet e já existia muito antes da popularização do termo “mandrake”. Como nem tudo são flores, em 2018 as camisas da seleção brasileira começaram a ser utilizadas nos atos da extrema direita, o que distanciou grande parte dos amantes da amarelinha que não queriam ser confundidos com essas pessoas.
Os brechós vêm ganhando força de uns anos pra cá trazendo o conceito da moda sustentável, que consiste em dar novos caminhos a peças de roupas e acessórios visando minimizar o impacto ambiental nefasto que a indústria da fast fashion gera na sociedade. Trazendo esse ponto, Santicomcifrao, dono do Santi Brechó em parceria com a produtora independente Quebra Filmes, se reúnem em pleno ano de copa (rumo ao hexa) para trazer o “Resgate” para as ruas. Este projeto visa debater a apropriação dos símbolos patriotas, as narrativas brasileiras e periféricas e o não apagamento da cultura da Baixada Santista, berço de grandes referências no cenário do funk e do rap, como MC Felipe Boladão e MC Primo, que são homenageados na trilha do fashion film.
A Camisa do Brasil nunca foi e nunca será de um candidato político, muito menos será usada para ilustrar discursos de ódio baseados em uma ideia totalmente colonizadora, que visa desde sempre excluir as narrativas do nosso povo e nos calar a qualquer custo. Aqui na periferia onde vivemos ela nunca foi deixada de lado, onde reside grande parte dos brasileiros que escrevem todo o dia o real Brasil com S. Este projeto foi realizado de forma totalmente autoral e independente com um time 100% periférico, desde a direção até a trilha sonora. “Vou te trazer de volta às origens, de volta aos lugares de onde você nunca deveria ter saído…”
Foto: Andrey Haag