sexta-feira, novembro 22, 2024

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Exclusivo: Banda Engrenagem Urbana irá lançar o clipe “São Paulo dos Marginais”, com Rincon Sapiência e Apelidado Xis

Há um dia do lançamento do vídeo clipe, o ZonaSuburbana trocou uma ideia com os músicos da banda de rap, que falaram sobre carreira, projetos, vida e politica;

Em 2010, no bairro de Itaquera, nascia a banda Engrenagem Urbana. Composta pelo MC Samuel Porfirio, o tecladista e produtor musical Kiko de Sousa, o baterista Thiago Rocha e o baixista Call Gomes, os inquietos músicos da zona leste de São Paulo fazem parte da seleta safra que inovaram criando uma banda de rap.

Confira o bate-papo:

ZS – Atualmente os grandes MC’s tem usado banda para agregar valor e qualidade aos trabalhos, mas vocês já tinham este formato antes mesmo de isto virar algo “novo”. Como surgiu esta ideia de já se colocar como uma banda de rap?

Sim é bem verdade, hoje os MC’s, grupos, tem essa possibilidade na mão, eles tem usado, e tem dado super certo. A gente optou em trabalhar Rap mais banda, bem  uniforme e solida desde o inicio. Se a gente disser que foi fácil não foi, porque o rap no Brasil,  nesse aspecto ainda torcia o nariz. Uns achavam que íamos acabar com os djs, outros que o nosso rap não ia ter identidade, até em festivais fomos penalizados por não ter um DJ. E a cobrança as vezes vinha de artistas renomados. Mas tudo isso foi bom para o nosso crescimento musical. Tivemos o desafio de mostrar que o rap podia sim trabalhar com samplers (usado desde de sempre por nós) e também trabalhar com sonoridades orgânicas, misturando outros gêneros. Não gostamos dessa coisa segregada que vimos por ai a fora. Acreditamos desde o inicio que o RapBr, tem um potencial enorme, tem muitas fontes musicais que podemos sim beber. Unificar novo e o velho andando em linha tênue, é dai que vem o Engrenagem Urbana.

ZS – No primeiro disco “Leve Toda Dor”, vocês diversificaram nos gêneros musicais, está é a pegada do Engrenagem Urbana? Quais são as influências da banda?

O “Leve Toda Dor”, foi um momento de transição da banda. Era outra formação, e vinha dessas criticas Pontuais. Foi um momento de experimentar e trazer algumas referencias. Nomear estas é impossível pela quantidade de coisa que a gente gosta. Mas podendo classificar gêneros, música Brasileira, Jazz, Bossa Nova, Blues, R&B são os principais, mas tem um pouco de reggae, na música “Muito Mel Pra Adoçar Essa Vida” por exemplo, tem influência nordestina ali, então acaba sendo um leque farto que a gente acaba revisitando sempre e trazendo pras músicas.

ZS – Vocês anunciaram nas redes que tem vídeo clipe novo vindo por ai. “São Paulo dos Marginais”, certo? Podem dar uma prévia sobre este trabalho?

Exato, dia 21 tem lançamento, clipe da música “São Paulo dos Marginais” que tem participação de Rincon Sapiência e Xis, faz parte do nosso novo EP “Mil Historias de Uma Cidade, Para Mil e Um Corações”. Como o próprio nome já diz, vamos trabalhar, 11 faixas, todas interligadas e o enredo é está São Paulo tão citada, tão presente, tão vivida, tão conhecida e ao mesmo tempo misteriosa. Durante o processo de criação e composição dessa música, sampa vivia um momento muito hostil e tenso. Eram alarmantes os gritos e os fatos. Racismo, violência, homofobia, xenofobia, greve dos professores, guerras partidárias, intolerância religiosa, afirmações, protestos e afins. Precisávamos contar esse momento sem tomar “partido” como se apenas assistisse. Mas faltava aquela coisa mais malandreada, mais periferia, negritude saca? Ai chamamos o Rincon pra trazer essa astucia, essa ginga, mais irreverente. Ao mesmo Tempo, a gente também queria uns versos mais apurado, mais polemico, mais a frente do nosso tempo e o Xis era o cara. Consideramos esse encontro, um momento muito rico do RapBr, além do talento de ambos, eles são legítimos representantes da cultura preta, e da periferia. São referências.

ZS – E como está a construção do disco? Já tem data de lançamento?

O disco que na verdade é um EP, tá praticamente terminado, faltando a confecção do mesmo além de um ajuste ou outro. Muita gente talentosa participou, desde os arranjos do Nei Papa, Xis e Rincon que já citamos, participa o Jeff, o Dcazz do grupo SEMPRE, e tem a presença feminina da Tassia Reis. Fizemos um show de pré-lançamento no SESC Sorocaba mês passado, acredito que agosto esteja nas plataformas digitais, e o show de lançamento estamos buscando uma possibilidade que possa comporta a proposta, em breve tem novidades.

ZS – E os projetos paralelos? Vocês estão sempre produzindo para o engrenagem ou trabalham com outras coisas?

Todos nós trabalhamos em vários projetos culturais, artísticos. O Call por exemplo apresenta o Sarau Moleque no projeto da Love C.T um projeto de Inclusão e resgate, poesia e skate junto, e toca no Quebrada Instrumental, Thiago Rocha da oficinas de percussão, sonoplasta formado na SP Escola de Teatro, técnico de som, trabalha com trilhas sonoras, grupos de teatro. Eu (Samuel) dou oficina de rima em casa de Cultura, SESCs, e em uma ONG que trabalho com jovens em liberdade assistida, além de apresentar o programa “PELAARTE&PROSA” e o “Reação Hip Hop”, que é um evento semanal na nossa quebrada. O Kiko além de produção, é professor de musica na Fundação Casa, da Oficina de rima junto comigo em todos os lugares, editor e diretor do Prosa, e toca com alguns artistas e projetos como Mental Abstrato, Rincon Sapiência, Quebrada Instrumental, Viegas e o Kamau, em outras palavras para ninguém (Rsrsr).

ZS – Muito tem se falado sobre a importância dos artistas do Hip Hop se posicionarem sobre o atual momento do país. O que vocês acham disso?

Fundamental isso. Somos formadores de opinião, lidamos com situações corriqueiras na periferia de várias cidades, e localidades. Enfrentamos diversas dificuldades no dia a dia, e tivemos alguns avanços nos mecanismos culturais. Hoje estamos diante de um governo usurpador, que não é melhor do que estava, é um governo provisório, sem projetos, sem perspectivas, com uma visão reacionária e pouco humanista. O RapBR sempre teve sua veia principal a politica social, e por mais que estava de certa forma adormecida ou apática não é só um direito é um dever todos os artistas periféricos se posicionar neste momento tão crítico no nosso país, óbvio, sem excessos e com maturidade.

Comunicação:
Produtora: 3treze Produções
Shows: contato@3trezeproduções.com.br
Assessoria de Imprensa: Black Indie Assessoria de Imprensa – Nerie Bento
+em www.facebook.com/engrenagemurbana

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