Quatro horas da madruga. O esquema é celebração, um dos pioneiros do rap underground brasileiro comemora 25 anos. RPW está na área e começa seu show cheio de noise, batidas pesadas e energia punk. Não se iludam, isso é puro hip hop. O público bate cabeça em frente ao palco. Casa cheia, a velha escola se junta aos mais novos para exaltar o som cru e sujo que muitos acham que está em extinção.
O local escolhido para o evento é repleto de simbologia. Graffiti e pixação marcam território, sons alternativos vindos do subterrâneo animam os fãs do rap alternativo no Morfeus, casa de shows da região central de São Paulo. Rap hardcore, boom bap e crossover são disparados dos equipamentos das equipes Sem Neurose e Hip Hop Kings, o público reage de maneira intensa.
Antes dos pioneiros, DazOrige, Pepo Nunes e JDR, Wufólogos, Cães D’ Caça, Kdáver e as minas do Rap Plus Size mandaram suas músicas e agitaram a pista. Quem acha que a cena rap só é alimentada pelas tendências atuais ficaria surpreso com o que rola além das redes sociais. A rua é assim, mas tem colar nela pra saber.
Na festa, W Yo é mestre de cerimônia, anima a galera durante a noite toda ao lado de seus companheiros de equipe. Mas agora os parceiros são Rúbia e DJ Paul, os artistas falam das dificuldades e do preconceito que tiveram que enfrentar desde o início da carreira, entretanto, o clima é de vitória e a sequência de clássicos cantada no palco confirma essa parada. Xandão Cruz, da Família 7 Velas, e Ugli Ci, do Filosofia de Rua, chegam junto e participam do show. Eles conhecem a correria do trio bate cabeça.
Nos 90, do trash e do punk, o RPW trouxe uma estética que causou estranhamento, criou um sub-gênero, que criou adeptos, que formou uma legião. Em 2006, quando o RPW lançou o disco Talento não morre…Recicla!, alguns críticos disseram que o grupo já estava ultrapassado e não tinha como seguir e influenciar os mais novos artistas. O que essas pessoas diriam se estivessem aqui, em 8 de outubro de 2016?
Veja a galeria de fotos do evento
