sexta-feira, novembro 22, 2024

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Bastidores: Nas “Illmatic”

[Este artigo apareceu originalmente na edição de Abril de 2009 da XXL Magazine, enfatizando o 15º aniversário de Illmatic]

Na primavera de 1994, um rapaz iluminado de Queensbridge dropou “Illmatic”, seu álbum de estreia de 10 faixas que definiu um novo padrão para o liricismo do hip-hop, surpreendendo milhares de pessoas. Quinze anos depois, a XXL fez uma profunda viagem pelas memórias para abicorar melhor a elaboração desse clássico. Isto é “Illmatic”! Yeah.

Eles chamavam Nas de Profeta. A poesia fazia parte dele. E na Terça-feira, 19 de abril de 1994, quando Nasir Jones, de 20 anos, dropou “Illmatic”, seu álbum de estreia pela Columbia Records e Sony Music, as mentes do hip-hop mudaram. Era uma revelação.

A jornada começou três anos antes, com o Main Source, em 1991, no “Live at the Barbeque”. Com isso, o mundo do rep foi apresentado a um MC inicial das casas de Queensbridge, mais especificamente de Long Island City. Queensbridge, o maior projeto de habitação dos EUA, tinha Marley Marl, MC Shan e o poderoso Juice Crew, que havia trabalhado com a Boogie Down Productions do Bronx na famosa “Bridge Wars” no final dos anos 80. Filho do trompetista de jazz Olu Dara, Nas foi descoberto por Large Professor, da Main Source — e ainda estava na adolescência quando ele dropou o single “Barbeque” com linhas como, “Verbal assassin/ My architect pleases/ When I was 12/ I went to hell for snuffin’ Jesus!”.

As ruas de Nova York estavam tremendo. O repper MC Serch do 3rd Bass levou Nas na Serchlite Publishing e começaram a conversar sobre assinar um contrato de gravação. Nem todos da indústria estavam tão entusiasmados (Russell Simmons, por exemplo, no próprio selo de Serch, Def Jam Recordings, relegou Nas por medo de cometer uma falha comercial). Mas a procuradora de talentos da Sony Music, Faith Newman, logo levou Nas para a Columbia Records e lá ele deu seu passo inicial.

Com uma fascinante equipe de beatmakers de Nova York que incentivam a produção do Large Professor, o trabalho começou neste perfeito álbum de hip-hop. A primeira música solo gravada de Nas, “Halftime”, apareceu na trilha sonora do filme do gênero indie, de 1992, “Zebrahead, deixando os fãs ansiosos sobre o que estava por vir. Anos antes da disponibilização do álbum, DJs começaram a liberar faixas não protegidas via mixtapes. Em face de tal contrabando inicial, a Columbia então dropou um curto “Illmatic”, de 10 músicas e logo foi para as lojas em 94, criando planos originais para incluir mais material.

Os puristas de Nova York e a imprensa do rep reagiram de forma rude, mas Russell estava certo: o álbum não foi um grande sucesso comercial, vendendo apenas 330 mil cópias no primeiro ano. Seu impacto cultural, no entanto, provou ser incomensurável, marcando a chegada de Nas como o nascimento de um Messias e o início de uma carreira multimilionária. Uma década e meia após a disponibilização, a XXL entrevistou as pessoas que estavam lá para testemunhar. — Rob Markman.

Compilado por Timmhotep Aku, Carl Chery, Clover Hope, Rob Markman, Starrene Rhett, Anslem Samuel

REPRESENTANTES:

Nas: Repper do Queens, conhecido como Profeta
Jungle: Irmão de Nas, que forma o duo de rep Bravehearts
Faith Newman: Produtora executiva; ex-A&R da Sony
MC Serch: Produtor executivo; membro do trio de rep do Queens, 3rd Bass
DJ Premier: Produtor do Brooklyn; formador do duo de rep Gang Starr
Large Professor: Produtor, repper; membro do grupo de rep Main Source
L.E.S.: Produtor do Queens
AZ: Repper do Brooklyn
Olu Dara: Pai de Nas; trompetista de jazz
Pete Rock: Produtor de Mount Vernon, do duo de rep Pete Rock & CL Smooth
T La Rock: Repper do Bronx
Busta Rhymes: Repper do Brooklyn; ex-membro do grupo de rep Leaders of the New School
Grand Wizard: Repper do Queens, que forma o duo de rep Bravehearts
Q-Tip: Repper do Queens; produtor e membro do grupo de rep A Tribe Called Quest

1. The Genesis

Concebida por Nas e Faith Newman
Jungle: Nas escolheu a batida para ficar conversando de fundo. Lembro que não gostei da batida. Eu estava tipo, “Nessa batida, cara? Isso é um lixo.” Eu era um jovem louco. Eu nem entendia o que estava fazendo.

Nas: Eu sempre amei todas as pausas do filme Wild Style. [Nessa sessão o álbum] não estava no início da gravação, estava mais perto do fim. Eu levei uma fita VHS do filme e pedi para que o produtor reproduzisse.

Faith Newman: Wild Style foi, digamos, sua primeira introdução ao hip-hop. Seu pai o levou para assistir quando era criança.

MC Serch: A parte mais difícil de samplear [para limpar] foi a do [diretor do Wild Style] Charlie Ahearn, acredite. Nós fizemos um acordo com Charlie, e em seguida, Fab 5 Freddy entrou no meio e começou a falar merda na orelha de Charlie tipo, “Nah, você não recebeu o suficiente [dinheiro].” O engraçado foi que Freddy estava prestes a dirigir o videoclipe de “One Love”. Então eu disse para Freddy, “O que você está de segredinho com o seu amigo? Estou prestes a te cortar do que combinamos. Você está prestes a dirigir um vídeo. Mantenha a postura.” [Freddy disse,] “Você está me ameaçando?” Eu falei, “Nah, isso não é uma ameaça. Só estou dizendo que se você não parar com isso, você não vai mais dirigir nenhum vídeo.” Não falei mais com Fab 5 Freddy desde então.

2. N.Y. State of Mind

Engendrada por DJ Premier
DJ Premier: Esse foi o segundo beat que eu produzi [para Illmatic]. O primeiro foi “Represent”. Eu tive a ideia de fazer a parte da bateria com um pouco de algo engraçado — soa quase como um sinal de astronauta no início… Achei no sample de Joe Chambers [“Mind Rain”]. Eu geralmente não revelo meus samples, mas eu limpei isso, então está tudo bem. Encontrei o sample, e quando ouviram essa melodia, Nas e eles estavam de acordo, como, “Yo, curti isso, isso é quente.” Então eu finalizei e Nas começou a escrever.

Nas: Eu já tinha escrito a maior parte, então era só terminar. Quando eu estava no estúdio, ouvimos essa gravação. Nós estávamos ouvindo gravações. Eu me sentei com Premier por horas no D&D Studios. Quando ele botou para tocar, eu coloquei o material que eu tinha e escrevi algumas coisas novas lá, também.

DJ Premier: No início da música, quando ele diz, “Straight out the dungeons of rap, where fake niggas do not make it back.” E então foi tipo um silêncio, onde a música vai aumentando, e você ouve Nas dizer, “Eu não sei como começar isso.” Ele escreveu, e estava tentando descobrir como pôr na batida ao entrar. Eu estava acenando para ele da sala de controle, “Olhe para mim, vá logo para o microfone.” Então quando ele olhou para cima e me viu enumerando, ele entrou. Ele fez todo o primeiro verso em uma só gravação, e eu lembro quando ele terminou o primeiro verso, e indagou: “Isso soa legal?” E todos nós ficamos tipo, “Ai, meu Deus!” Foi tipo, Eu não me importo com o que você escreve.

3. Lifes a Bitch

Participando: AZ

Engendrada por L.E.S. e co-produzida por Nas

Trompete por Olu Dara

Nas: Pedi a L.E.S. para trazer [uma cópia do sample “Fruit Juicy” de Mtume]. Eu queria algo tipo “Juicy”. Ele não tinha esse registro, então levou “Yearning for Your Love” de Gap Band. Me acostumando, eu estava tipo, “Yo, isso não é ‘Juicy’, mas é uma parada sinistra!” Uma vez que fizemos, não me importei mais com “Juicy”. Claro, quando Biggie cantou, eu fiquei como, “Oh meu Deus.” Eu tinha perdido meu livro de rimas [justamente no dia em que gravamos “Life’s a Bitch”]. Quando chegamos ao estúdio e percebi que perdi meu livro, lembrei que tinha esquecido no trem. Todo mundo ficou louco, como se fosse um bilhete premiado da loteria. [Risos] Nós estávamos tipo, “Ah, mano, já era!” Isso foi anos de escrita, mas o bom foi que eu já tinha memorizado grande parte da letra.

L.E.S.: Você sabe, AZ estava lá. Nas disse tipo, “A, você tem alguma coisa para isso?” A só foi na cabine e cuspiu isso, e Nas foi logo depois. AZ tinha um refrão… Eles vibraram. E antes mesmo de eu piscar, saí do estúdio, voltei para os projetos, e os manos disseram, “Nós adoramos essa faixa do Nas.” Eu fiquei pensando comigo mesmo, Porra. É sério que eles fizeram isso? Uau!

AZ: Eu tinha escrito o refrão… Depois que o refrão ficou realmente pronto e eu mostrei, eles ficaram como, “Porra, você precisa cuspir isso, dawg (mano).” Eu disse, “Beleza, foda-se. Se vocês gostaram, vocês gostaram. Se não gostaram, não gostaram.” Fui lá e fiz, e todos gostaram. Foi isso. Fizemos história. Eu não sabia quem era o pai do Nas, mas eu fui apresentado a ele lá.
Olu Dara: Bem, eu tinha meu trompete comigo, e Nasir disse, “Apenas toque ‘Life’s a Bitch’. Você poderia adiantar um pouco para o final?” Me lembro de seu irmão, Jungle, estava lá e nós estávamos bebendo Hennessy e nosso champanhe e tudo mais.

4. The World is Yours

Engendrada por Pete Rock

Pete Rock: Estávamos no meu porão. Large Professor o trouxe. Foi quando eu realmente conheci Nas, quando Large o levou até Mount Vernon. Nós estávamos escolhendo umas batidas e passamos por essa. Já estava feita, então eu apenas toquei o disco, e ele disse, “Yo!” E o próximo passo você já sabe… nós na Battery Studios, botando para quebrar. Quando eu estava fazendo os scratches (arranhões), Preemo estava lá. Ele estava apenas de pé, olhando com espanto, e eu estava como, “Vamos lá, nigga! Você gosta dessas coisas, também.”
Nas: Na época, conseguir uma batida de Pete Rock era como tirar uma batida de Kanye ou Timbaland ou Dr. Dre hoje em dia. Eu lutei para ter esse sample [de T La Rock]. Pete tinha uma maneira de fazer suas batidas, e ele era Pete Rock, então eu não queria interferir tanto. Mas eu tinha “It’s Yours” na minha cabeça, e eu pensei que isso soaria mal. No último minuto, ele se encaixou lá, acho que na mixagem. Eu não sabia como ele iria encaixá-lo lá, mas foi perfeito como ele fez isso.
T La Rock: Quando eu escutei Nas pela primeira vez, pensei que ele soasse como uma combinação de T La Rock e Rakim… Qualquer um que possa rimar e fazer sentido e não me fazer querer simplesmente pular para a próxima faixa, eu considero realmente um baita letrista. E Nas é isso. Fiquei impressionado com a música em si, e então Pete Rock colocou o sample em “It’s Yours”.

MC Serch: Nós realmente estávamos chegando perto do final do álbum, e Pete e Nas haviam feito muito trabalho juntos, e na semana em que eles estavam mixando, minha avó faleceu. E na religião judaica, você tem que se sentar com Shiva, e meu dia para sentar-se com Shiva era na sexta-feira. Quando você se senta com Shiva, você basicamente senta em uma caixa, e você não faz nada o dia inteiro. Então recebi uma chamada de Ruddy, seu advogado e meu advogado me dizendo que eles devem receber um cheque de $5,000 para o álbum. E eu expliquei a eles, “Não tem problema, eu vou até vocês na segunda-feira.” E eles tiveram essa sessão naquele dia, e eles disseram, “Bem, entraremos no estúdio na segunda-feira e gravaremos no mesmo dia.” Eu disse, “Não, não, não. Você precisa fazer isso [hoje], porque a masterização será na segunda-feira.”

Nós tínhamos muita pressão sobre nós para dropar este álbum antes que as ruas fossem inundadas com contrabandos e músicas ilegais. Então não havia como mudar essa data. Estava tentando explicar a Ruddy, “Olha, é Shiva, é respeito aos mortos.” E ele disse algo tipo, “Eu não me importo com sua avó, eu não me importo com Shiva, eu quero a porra do meu dinheiro, ou nós não vamos no estúdio.” Até hoje eu não falo com Pete Rock. Não tenho palavras para Pete Rock. Mesmo que Pete me dissesse, “Eu não fazia ideia, eu não sabia”, ainda é seu gerente. Você ainda deve estar envolvido. E se você não está envolvido, você está pegando um L por sua perda. Isso não era uma treta do Nas. Era minha treta. Eu nem queria que Nas soubesse nada sobre isso. Eu nem contei a Nas sobre isso até 2015.
Pete Rock: Nem me lembro dessa parada. Quero dizer, poderia ter acontecido, mas foi há muito tempo. Niggas ainda se lembram dessa besteira? Tudo o que eu estava preocupado era em fazer algo muito foda para esse novo nigga Nas naquele momento. Não sei do que Serch está falando.

5. Halftime

Engendrada por Large Professor

Large Professor: A sessão para “Halftime” foi quente, porque ele estava conseguindo sua grande chance. E era como, ele já tinha sua erva pronta, Big Bo estava lá, Jungle estava lá, Wiz estava lá. Eu cheguei. Eu já tinha a batida pronta. E nos sentamos lá, relaxamos um pouco. E ele estava tranquilo, dizendo, “É a minha vez agora, preciso me concentrar.” Então nós sentamos e começamos ouvir a batida. E ele foi de boa com essa parada. Ele ficou sentado lá por um momento e então disse algo tipo, “Yo, beleza, estou pronto.” E então ele entrou na cabine e começou a dizer as palavras, e todo mundo estava chapado, a chama estava acesa. E a coisa estava se conectando, e todos que estavam na sala ao vivo reagiam tipo, “Uau!”

Busta Rhymes: Eu fui lá [para a casa do Large Professor], e ele fez a batida de “Halftime” na minha frente, e ele ia me dar isso naquele momento. Mas eu não sabia o que fazer com isso, mesmo tendo amado a batida. Quando eu escutei isso em “Halftime”, fiquei pensando, Caralho, eu fui um estúpido por não cantar nessa batida!

Nas: Me lembro de Busta Rhymes no estúdio [Chung King Studios], e eu o conheci. Eu acho que ele me conhecia através do Large Professor… E meu irmão me disse que eu deveria deixar os Leaders of the New School e ir sozinho. [Risos]

Jungle: A primeira vez que conheci Busta, ele ainda estava com os Leaders of the New School. E eu disse “Yo, cara, você está se prejudicando. Eu acho que se você for solo e deixar seus manos sozinhos, você explodiria.” E Nas e todos estavam como, “Que porra é essa que você está falando?” Foi como se eu tivesse insultado o resto da galera e não me importasse. Mas então ele foi solo, e ele explodiu.
Busta Rhymes: Eu apenas refleti sobre aquilo. Eu estava me sentindo bem que os manos estavam se sentindo assim por mim. Eu simplesmente admirei Jungle quando ele me disse isso.

6. Memory Lane (Sittin in da Park)

Engendrada por DJ Premier

DJ Premier: Nas queria me ajudar a escolher um sample para isso, e ele ouviu o sample de Reuben Wilson [“We’re In Love”], e ele disse, “É isso”. Eu não tinha curtido tanto. Mas ele estava tipo, “Yo, é isso, Preem. Organize isso.” Então eu fiz isso, porque ele me pediu. Eu estava praticamente competindo com os outros produtores no álbum, então eu queria ser mais divertido do que o que eles tinham. Eu  tinha visto Q-Tip, e ele me tocou uma cassete, e ele tinha [uma versão áspera de “One Love”]. Ele fez uma pausa na faixa para permitir que Nas ouvisse antes de colocar tambores e coisas para ele. E quando eu ouvi o sample e a maneira como ele a conectou, eu pensei comigo mesmo, Oh meu Deus, todo mundo vai enlouquecer com isso. E Nas disse, “Cara, eu realmente quero fazer isso.” E ele escreveu isso lá mesmo. Uma vez que cortamos os vocais, ouvi o que ele estava dizendo. Eu não estava com raiva disso, eu não estava contra isso, eu só pensei que poderia ter feito melhor.
Nas: Eu senti como todas as coisas que eu vi em Queensbridge, isso significava alguma coisa. Por algum motivo, eu sabia que isso não era algo que uma criança da minha idade deveria estar vendo. Eu sabia que era algo especial sobre o que estava vendo, e isso não era bom. Essa era a vida real. São situações — seja o bem-estar, ou meus amigos tendo pais viciados, ou os adolescentes sendo perseguidos por policiais.
Grand Wizard: Cada palavra que foi dita veio de algo que aconteceu ou algo que todos faziam parte. Cada palavra estava acontecendo ao nosso redor.

7. One Love

Engendrada por Q-Tip

 Large Professor: Nas me perguntou, “Yo, você acha que Q-Tip me daria uma batida?” Foi assim que eu estava começando a trabalhar constantemente com Tip, então eu falei, “Yo, é claro. Basta ir comigo para o Queens, e simplesmente nos sentaremos.” E nós fizemos. Nós nos lançamos lá, de volta quando Tip teve todas as coisas no porão da avó de Phife. E nos sentamos, e Tip disse, “Sinceramente, eu realmente não tenho batidas prontas. Mas eu lhe mostro o que eu tenho para você.” E ele tocou essa parada [The Heath Brothers “Smilin’ Billy Suite Part II”], e Nas reagiu, “Oh merda! Essa parada é louca!” Ele organizou e deu no que deu.

Q-Tip: Quando você ouvia Nas inicialmente, você sabia que ele era sinistro. Quando o ouvi rimando pela primeira vez, eu sabia que ele era sinistro. Todos sabiam. Mas eu disse a Faith, “Seus rapazes têm alguém especial.” Porque ele tem vulnerabilidade em suas rimas. Um monte de niggas que são MC, você não ouve a vulnerabilidade. Ele se mantém confiável, mas com muita profundidade. Ele pode ser gangsta, ele pode ser educado, ele pode ser pensativo. E é isso que faz de Nas um artista atraente para todos.


8. One Time 4 Your Mind

Engendrada por Large Professor

Large Professor: Nós temos esse tipo de atitude. Isso não foi tipo, “Yo, o orçamento”, e todo esse tipo de coisa. Foi legal, porque teve uma pequena rima rápida nisso. Não era algo como se ele estivesse tentando ir firme ou lírico. Era como, “Yo, I’m a regular dude. I’ll kick some cool, around-the-way, corner shit for you.”
Nas: Honestamente, essa música foi tipo, “Ei, estamos relaxando.” Essa música, eu não queria saber de nada — era só entrar e me divertir.
Grand Wizard: Na época, estávamos ouvindo a batida, e Nas tinha dito, “Venha [na cabine] comigo e me ajude com o refrão.” Então peguei o microfone e disse, “One time for ya mind, one time…” E Nas reagiu tipo, “Yeah, tanto faz.”

9. Represent

Engendrada por DJ Premier

Jungle: Esse foi um dos dias que Nas deixou todo mundo entrar na cabine do microfone e falar e tal. Eu não sei por que ele costumava fazer essa parada, porque nenhum de nós era repper — nós só tínhamos um ou dois reppers [na equipe]. Tipo, todos que estavam no estúdio estavam na cabine, mas nenhum deles gostaria de ser um repper. Eles só queriam estar com o repper. Todo mundo estava no estúdio D&D.
Nas: Esse foi um lance sério, representando Queensbridge. Fiquei penhorado por ter feito isso, porque Shan e Marley já haviam feito. Eu só queria pegar a bandeira e mantê-la no alto como já estava. Senti que já tinham aberto o caminho, e agora eles precisavam de um soldado imbatível para manter a bandeira em alta. Após a batalha com a Boogie Down Produtcions, você não pode ignorar a dúvida que as pessoas tinham no meu bairro. Então isso foi como, Eu estou aqui agora, e eu vou permanecer até morrer.
Jungle: Aquela época era onde você achava que não ia chegar aos 20 anos. Você pensava que ia morrer. Então quando ele estava fazendo esse álbum, eu não sabia que isso iria além de Queensbridge. Eu não sabia que podíamos realmente ir para L.A. e ver outras pessoas famosas e ganhar dinheiro.

10. It Aint Hard to Tell

Engendrada por Large Professor

MC Serch: “I’m A Villain” e “It Ain’t Hard to Tell” [estavam em sua demo]. “It Ain’t Hard to Tell” mudou um pouco. O primeiro verso e a maioria do segundo verso foram alterados, mas a batida do Large Professor, com os trompetes nele, ficou praticamente igual. Russell Simmons disse, “Ele soa como Kool G Rap, e Kool G Rap não vende nenhum registro. Não estou trabalhando com Nas.” Foi exatamente o que ele me disse. Eu disse, “Tudo bem.” E eu parti, nunca olhei para trás. Eu nunca disse a Nas, porque no mesmo dia eu fui a Columbia e vi Faith. Ela e David Kahne quase me trancaram em uma sala e disseram, “Qualquer negócio que você quiser fazer, estamos dentro”.

Faith Newman: “It Ain’t Hard to Tell” estava na demo original que tinha dele. Depois, havia outra música [“I’m A Villain”], onde ele soou exatamente como G Rap, e foi por isso que Russell não queria assinar com Nas.

Nas: Nós fizemos a versão original no apartamento do Large Professor. E uma vez que houve um acordo no local, conseguimos usar um microfone real e um estúdio real [para gravar novamente]. Depois de mim, SWV fez “Right Here” com o mesmo sample [“Human Nature” de Michael Jackson]. Eu senti como se eu fosse responsável por essa faixa, mas a realidade é que “Human Nature” era uma música tão bonita que as pessoas queriam repetir isso. Quando a música das SWV saiu, eu estava chateado, porque se eu fosse gravar para o rádio, seria perfeito. E quando SWV tomou o brilho, era como, “Ah não!” Claro, era meu primeiro álbum. Então pensei, Espere, como vou conseguir limpar esse sample do Michael Jackson? E então eu pensei, Oh merda, nós somos companheiros de selo! Então nós fizemos isso acontecer.

Fomos à uma loja [na Tower Records em Fourth and Broadway]. E eu nunca tinha ido a uma. Eu esperava assinar talvez 40 autógrafos no máximo. [Antes de sairmos], minha gravadora continuava me dizendo como era o lance lá. Não tinha ideia do que estavam falando. Foi eu e a equipe. Estávamos entusiasmados, felizes, comemorando. E nós fomos à loja, e quando vi a multidão, realmente me deixou sabendo que isso seria formidável. Este não é um álbum que vai ao mundo e eles tocam apenas por um tempo. Quando fomos embora, tinham crianças gritando, chorando e perseguindo o carro. Era como ’N Sync. E este era o meu primeiro álbum. Era uma cena da máfia. Foi quando eu soube. Eu era como, Yo, vai ficar tudo bem. Eu olhei ao redor, e eu só conseguia pensar, Vai ficar tudo bem.

Manancial: XXL Magazine

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