Pelo 14º ano consecutivo, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. Os dados do “Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais brasileiras”, realizado pela ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), revela que a expectativa de vida dessas pessoas é baixa e a maioria das vítimas de violência no país são de jovens entre 18 e 29 anos.
E se para alguns o sucesso chega antes dos 30 anos de idade, para outros, chegar nos 30 é um sucesso. Por isso, a Billboard Brasil, para questionar o destaque dado às personalidades que alcançam fama e dinheiro antes deste período, lança um projeto que dá visibilidade para as pessoas trans e travestis que venceram as estatísticas da violência, superaram a barreira dos 30 anos e se tornaram referência em suas áreas de atuação.
Assim, em conjunto com a Lew’Lara\TBWA e Mynd, nasce a Over 30, uma edição especial que traz a primeira lista brasileira com as 30 pessoas que são referências em suas áreas de atuação e tem relevância na comunidade e na luta contra a transfobia no Brasil. Para a capa, foram escolhidas: a atriz, cantora e apresentadora Pepita, a cantora goiana Mel Gonçalves e a cantora, compositora, empresária e professora, Raquel.
“A Billboard Brasil nasceu para ser uma revista diferenciada, que une entretenimento com conteúdo de qualidade. Aqui, todos os estilos musicais terão voz e suas histórias e lutas serão contadas. Apesar dos dados alarmantes que ainda perseguem a comunidade trans em nosso país, ficamos contentes em poder trazer o projeto OVER 30 para dar luz a 30 pessoas que são destaques em suas profissões e que batalham diariamente para se manterem vivas e terem seus trabalhos reconhecidos pela sociedade”, comenta Fátima Pissarra, CEO da Billboard Brasil.
A seleção dos nomes contou com uma consultoria especializada, que considerou o alcance, a relevância e a representatividade de perfis da comunidade. A lista buscou enfatizar aqueles que não só sobreviveram à violência, mas que amplificaram suas vozes e puderam exaltar seus talentos a ponto de se tornarem referência em suas áreas de atuação.
Entre os 30 nomes escolhidos para a lista estão profissionais de diversas áreas como: Lina Pereira, Lea T, Noah Scheffel, Laerte, Roberta Close, Gabriela Augusto, Nany People, Thammy Miranda, Fernando Lins entre outros. Para conferir a lista OVER 30 na íntegra, acesse o site da Billboard Brasil. A edição impressa da revista já está disponível nas bancas de todo o Brasil.
O projeto Over 30 contempla ainda outras frentes além da revista impressa para, de maneira robusta e consistente, reverberar a celebração da vida de pessoas trans e travestis, como mídia OOH e digital, conteúdo nas redes sociais e ainda um single, co-criado pelas três artistas da capa – Pepita, Mel Gonçalves e Raquel – e pelo produtor musical e compositor Pablo Bispo, que será lançado em todas as plataformas digitais ainda no mês de janeiro.
“Esse projeto nasceu de um dado triste e revoltante, mas fizemos questão de transformá-lo na celebração da criatividade e talento dessa comunidade. No mesmo momento em que parte da sociedade comemora o sucesso antes dos 30, nós mostramos que existe vitória em aspectos maiores e mais importantes além da fama e do dinheiro: estar vivo após os 30 anos, fato que é, ainda, uma conquista para a população trans do Brasil. Foi um grande privilégio e uma verdadeira aula trabalhar com pessoas brilhantes como Ariel Nobre, Raquel, Pepita e Mel, e poder, com esses exemplos, incentivar novos talentos trans que celebraremos ano após ano a partir deste”, completa Thiago Lacorte, diretor de criação da Lew’Lara\TBWA.
A iniciativa não busca apenas destaque para o tema, mas também oportunidades para a comunidade e mudanças efetivas na sociedade. Por isso, todo o processo de construção do projeto OVER 30 contou com parte da equipe formada por profissionais trans nas áreas de criação, desenvolvimento, reportagem, fotografia, maquiagem, stylist e produção, além de contar com o apoio e consultoria liderada por Ariel Nobre, Diretor Executivo do Observatório da Diversidade na Propaganda. Além disso, 50% do lucro do projeto será revertido para a Casa Neon Cunha, de acolhimento para pessoas trans e vítimas de LGBTfobia.