Billy Saga lança o 2º single do álbum “Ambigrama”. O single “1964” faz alusão, de forma bem metafórica, ao período de ditadura vivido no Brasil, iniciado com o golpe militar dado ao governo de Jango (João Goulart) em 1º de abril de 1964 (ironicamente, no Dia da Mentira).
Se o primeiro período do regime militar, comandado pelo general Humberto de Alencar Castelo Branco, foi razoavelmente suportável para os artistas e também para os protestos, o bicho pegou com a vigência do Ato Institucional nº 5. Pode-se dizer que, a partir daí, a censura estava oficializada e toda peça cultural deveria ser submetida ao crivo dos censores, o que amordaçou a produção intelectual e artística do Brasil. Em uma briga estilo Davi e Golias, a censura da Ditadura Militar cortou e vetou muitas canções, livros, filmes, novelas e peças de teatro, mas mesmo assim, alguns artistas conseguiam driblar a censura mais vezes do que ela gostaria.
Era na música que os protestos mais pungentes contra o regime estavam presentes. Na maioria das vezes, eles vinham mascarados por inversões, ironias, duplos sentidos e estratégias linguísticas que não raro passavam despercebidas pelo Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP), mas nunca pelo público.
E é nesse estilo que Billy Saga solta o single “1964”, abordando o tema em suas entrelinhas, sem dar tanto foco ao protagonista dessa eminete quebra da democracia.
O webclipe também se remete visualmente e conceitualmente com essa proposta. O beat foi produzido pelo virtuoso Skeeter.
Como disse o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony. “Na ditadura, a gente contava com dois fatores, um a favor e outro contra. O a favor era o seguinte: os censores eram muito burros, então não percebiam certas nuances. Por sua vez, por serem muito burros, muitas vezes cismavam com coisas que não tinham nada demais e proibiam uma peça ou uma música”. Ou seja, nada mudou!
O rapper seguiu esta receita e como a democracia, mesmo que lesada, ainda segue, convidamos vocês a apreciarem a nova track de Billy Saga.