Gutierrez é um rapper carioca, compositor compulsivo. Desde a infância foi influenciado pela música negra de qualidade (e outros estilos), através de seus pais e começou a compor com 13 anos.
Começou a trabalhar sério, em 2004 produziu, compôs e lançou seu demo “Esse é Meu Reino” que foi muito bem aceito na maioria dos estados do Brasil e em países como Portugal, Moçambique, Cabo Verde e Angola.
Em 2009 lançou em parceria com o produtor Damien Seth (que já trabalhou com artistas como Kanye West, Gilberto Gil, Marcelo D2, etc.), a “Corpo Fechado Mixtape” (Bolacha Discos), um trabalho temático de apresentação, com 20 faixas e que vendeu 2.000 cópias de forma totalmente independente.
No momento está trabalhando na “Coronel Kurtz Mixtape” e no disco “Selvagem”, além de estar participando de trabalhos de outros artistas.
Daniel Macedo: Quem é o Gutierrez?
Gutierrez: Um cara que vive cada vez mais o sonho que teve quando era criança. Rapper do Rio de Janeiro (Brasil), compositor compulsivo, um pouco autista, amante da madrugada e da evolução.
Daniel Macedo: De onde surgiu o nome Gutierrez?
Gutierrez: Tava precisando de um nome e lendo jornal um dia, veio esse e eu abracei. Não tem muita história não.
Daniel Macedo: Como e quando foi o teu primeiro contacto com o rap?
Gutierrez: Vendo os meus primos dançarem Break nas festas da família.
Daniel Macedo: O que é que te incentivou a fazer rap?
Gutierrez: Desde o primeiro contato achei muito intenso. Era tudo que eu precisava ter conhecido. Minha vida mudou. E foi tudo tão natural, que não sei dizer direito o que me incentivou… Foi uma série de coisas juntas. Uma explosão.
Daniel Macedo: Quais foram as tuas influências?
Gutierrez: Tudo na minha vida sempre me influenciou bastante. Acontecimentos, hábitos, músicas, filmes, livros, pensamentos… Absorvo o que acredito que acrescente.
Daniel Macedo: Qual foi o teu primeiro som?
Gutierrez: Oficialmente foi o “Esse é Meu Reino”, primeiro single do meu primeiro disco (de mesmo nome), lançado em 2004.
Daniel Macedo: Quais foram as dificuldades que tiveste no inicio da tua carreira?
Gutierrez: A dificuldade maior era não ser conhecido por ninguém. Ter que começar de algum lugar, sozinho. Isso é o mais foda.
Daniel Macedo: Donde vem a tua inspiração?
Gutierrez:A vida me inspira, sem hora certa.
Daniel Macedo: Quais são as tuas mensagens nas tuas letras?
Gutierrez: Depende da música, mas costumam ser mensagens viscerais e bem diretas. Também uso muitas referências, pois isso estimula as pessoas a conhecerem algumas coisas que eu admiro.
Daniel Macedo: Em 2005 lançaste o single “Conexões” com participações do Conspiração e do rapper português Valete. Como foi feita essa parceria?
Gutierrez: Eu já ouvia músicas dele e tinha acabado de lançar meu disco, em 2004. Como esse disco fez um bom barulho, ele ouviu e me mandou um e-mail elogiando. A partir daí, a gente foi trocando idéias e nasceu essa música. Com certeza a “Conexões” fez o meu nome ficar mais conhecido em países de língua portuguesa.
Daniel Macedo: Fala-nos um pouco sobre o teu primeiro álbum “Esse é Meu Reino” lançado em 2004 (produções, participações, etc)?
Gutierrez: Foi um momento “tudo ou nada”. Eu já amava fazer músicas, tinha centenas de guias gravadas e precisava dar um passo definitivo, fazer a diferença de alguma forma pra poder ser notado. Então, me tranquei em casa por 1 ano e meio, só saia do quarto pra comer, não atendia telefone, nem recebia visitas. Só sai de lá quando vi que tinha algo relevante pra lançar. Produzi, escrevi e gravei todas as músicas sozinho. Não existem participações.
Daniel Macedo: Tens quantos álbuns,mixtapes e EPs nas ruas?
Gutierrez: Esse é Meu Reino (2004), Corpo Fechado Mixtape (2009) e vários singles lançados durante esses últimos anos.
Daniel Macedo: Projetos para 2013?
Gutierrez: “Selvagem vol.1 (EP)”, videos, singles, mais shows e tudo que o universo permitir.
Daniel Macedo: Tu vives do rap?
Gutierrez: Sobrevivo. Mas algo me diz que tô bem perto de viver.
Daniel Macedo: Tens beef com algum rapper?
Gutierrez: Com muitos! Tá cheio de filho da puta no mundo. No rap não é diferente…
Daniel Macedo: Qual é o teu rapper/grupo favorito?
Gutierrez: Eu escuto muita coisa. Desde anos 90 até os atuais…Tô sempre baixando coisas novas e jogo tudo junto na playlist.
Daniel Macedo: O rap Brasileiro tem tido bastante feedback na CPLP(comunidade dos países de língua portuguesa). Como vês a evolução do rap Brasileiro?
Gutierrez: O Rap aqui tem crescido bastante, em vários aspectos. Acho que cada vez mais tão percebendo que rap também é música. E mais… É o ritmo mais forte de todos os tempos, tem muita consistência. Acredito que ainda iremos evoluir bastante e o rap vai se tornar tão popular quanto os outros ritmos. Temos grandes artistas.
Daniel Macedo: Tens ouvido o rap feito em Angola,Cabo Verde,Moçambique e Portugal? O que você acha do rap feito nesses países?
Gutierrez: Já ouvi mais. Hoje ouço algumas coisas que vejo na internet ou que me mandam, mas não tenho acompanhado as cenas de perto.
Daniel Macedo: Já viveste numa favela?,fala-nos um pouco da realidade dos manos que vivem nessas comunidades, onde a policia espanca e assina pessoas inocentes.
Gutierrez: Não, mas já frequentei bastante, tenho amigos em algumas. E a violência policial é muito forte nelas, mas também acontece em outros lugares da cidade.
Pra Terminar a entrevista:
Daniel Macedo: Teu top 5 da Lusofonia?
Gutierrez: Mano Brown, Marechal, Xará, Valete, Shaw e Black Alien.
Daniel Macedo: Qual é o club que apoias?
Gutierrez: Flamengo.
Daniel Macedo: Filme?
Gutierrez: The Pursuit of Happyness.
Daniel Macedo: Tênis?
Gutierrez: O que for mais confortável. Não me ligo muito em marcas.
Daniel Macedo: Livro?
Gutierrez: Plutarco – Como Tirar Proveito de Seus Inimigos.
Daniel Macedo: Consola?
Gutierrez: Genesis.
Daniel Macedo: Desporto?
Gutierrez: Sexo.
Daniel Macedo: Deixe uma linha d freestyle para os leitores do blog .
Gutierrez: Um salve pra todos os leitores do Underground Lusófono. É sempre bom poder expor minhas idéias pro público de outros países. O mundo é pequeno. #VVAR
Entrevista exclusiva do blog Underground Lusófono.
Arte: Daniel Macedo
