sexta-feira, novembro 22, 2024

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Brisa Flow cria manifesto audiovisual contra o Marco Temporal no videoclipe de “Etnocídio”

“O marco temporal diz que só tem direito a demarcação
da terra indígena quem estava na terra até 1988.
Ora, que terra indígena é essa?
Ao que nós sabemos, todo o território da América,
do Sul da Argentina ao Norte do Canadá,
é terra indígena”

A fala que abre este texto, proferida durante a reunião do movimento indígena contra o Marco temporal em Brasília, introduz também o videoclipe de “Etnocídio”, faixa que faz parte do disco “Janequeo, lançado por Brisa Flow em 2022 — e com a participação de Ian Wapichana.

Ao longo da narrativa, que ganha caráter documental por meio de imagens captadas em manifestações no Distrito Federal e no Rio de Janeiro (em 2021), os versos da artista indígena marrona ganham ainda mais força. Não à toa, o registro audiovisual chega ao YouTube nesta semana, quando ocorre, também no DF, o Acampamento Terra Livre (ATL), maior Assembleia dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil, na qual Brisa Flow estará presente.

Canção que  faz reflexões sobre o genocídio dos povos indígenas, “Etnocídio” serve de trilha sonora para o novo videoclipe de Brisa Flow, artista licenciada em Música pela Fiam Faam e que usa a arte dos povos originários e o rap como ferramentas necessárias para combater o epistemicídio.

A fagulha na concepção da obra foi uma frase de Nina Simone que diz: “É dever do artista refletir o seu tempo”. “Nas rimas dessa música, eu faço uma referência a Nina Simone por conta dessa afirmação dela. E as imagens captadas por mim e pelo Ian Wapichana nas manifestações em Brasília e por Tayná nas manifestações realizadas no Rio de Janeiro traduzem o momento que vivemos enquanto artistas e corpos políticos”, ela afirma. “As imagens, signos e linguagens fazem parte da formação do imaginário das pessoas, então penso como a arte pode ser uma ferramenta estética para quebrar estereótipos e transformar nós mesmos e a comunidade em prol do bem viver”, ela complementa.

Agendada entre 24 e 28 de abril, em Brasília, a edição deste ano do Acampamento Terra Livre tem como tema “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia”, o que se conecta diretamente com a letra de “Etnocídio” e as imagens veiculadas em seu videoclipe. “Lançar o clipe nesta semana reforça nossa arte como reflexo do tempo”, diz Brisa.

Em 2022, a reunião recebeu 8.000 indígenas (de 100 povos) e, agora, mais um capítulo de fortalecimento e reivindicação estará em pauta. “Estaremos juntos em mais um ATL com outros artistas indígenas somando na movimentação e articulação no intuito de valorizar nossas culturas e proteger as vidas e territórios originários”, finaliza a cantora. 

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