A banda Cabokaji anuncia o lançamento de “SALVAGUARDA”, novo EP que está disponível em todas as plataformas. Apostando na sonoridade autêntica que se tornou marca registrada do grupo, o projeto traz participações de Sued Nunes e Iná Tupinambá, e transita por entre gêneros como afrobeat, rock e rap enquanto traduz vivências, conexão com as próprias raízes e desejo de perpetuar toda a história dos povos indígenas-africanos.
“SALVAGUARDA” é fruto das vivências de Caboclo de Cobre, ISSA, Ejigbo e Mayale Pitanga em territórios ancestrais, seja na Aldeia da Mata Cafurna ou nos Ilê Axé. Inteiramente autoral, ele nasce para reverberar a força e o papel da música na manutenção da cultura de povos indígenas, tradicionais, quilombolas etc. Com as temáticas definidas, foi a partir da formação de um coletivo artístico e criativo que o projeto tomou forma. Toda a produção do EP é assinada por I S S A e integrantes que, em parceria com Sued Nunes, Iná Tupinambá e Marcelo Santana – engenheiro de mixagem e masterização que acompanha o grupo desde seu primeiro álbum – deram vida a um trabalho poderoso e urgente.
“É no contato com a ancestralidade que somos moldados enquanto seres humanos. O Ifá, a Jurema, a pemba e o sonho, encantos e encantarias. Então, as músicas são como depositários de memórias vivas e vivenciadas. O EP serviu de plataforma para que nós pudéssemos falar de nossos encantados, dos nossos amores, da força da natureza, de nossos aprendizados e sobre nossas riquíssimas manifestações populares embebidas de ancestralidade e fé, realizando o levantamento de um amplo referencial simbólico imagético, fonográfico e sinestésico”, explica Caboclo de Cobre.
A concepção artística de “SALVAGUARDA” é tanto uma aspiração, quanto um sonho. Sua sonoridade se mostra como uma síntese do universo caboclo – não se limita a um determinado espaço, está em constante movimento. Pincelada por elementos como congo de ouro, maculelê, acordeon, viola, violão e canto dos pássaros, a paisagem musical construída por Cabokaji perpassa por texturas contemporâneas simbolizadas pelo uso de sintetizadores e graves, criando um ambiente onde o som da natureza se interliga com o do asfalto.
“O título do EP surgiu de uma necessidade holística de olhar para as questões indígenas-africanas. No sentido de que precisamos fazer tanto a manutenção das nossas formas de fazer cultura, política comunitária, saúde coletiva, quanto da reparação ambiental. Sem folha não tem vida, não tem caboclo, não tem orixá, não tem gente. O meio ambiente, a cultura produzida por todos nós, nossas espiritualidades, tanto específicas quanto em conjunto são as coisas que nos mantém aqui. Essa é uma morada comum para todos os seres. Então, ‘SALVAGUARDA’ não é a manutenção de um status quo, mas de tudo que estamos esquecendo para a permanência da vida e a nossa”, comenta I S S A.
As seis faixas que compõem “SALVAGUARDA” vem acompanhadas de videoclipes dirigidos por Nin La Croix em parceria com Caboclo de Cobre. Os filmes apostam em cores, climas e texturas que servem de porta-bandeira para os símbolos presentes no cotidiano do Cabokaji, reafirmando a necessidade de uma nova forma de se colocar no mundo. A diversidade estética da obra convida o ambiente urbano enquanto reduto de ancestralidade a se integrar profundamente com o todo e rompe com os estereótipos direcionados, principalmente, aos corpos indígenas.
Preparando o público para o lançamento, Cabokaji deu início à turnê “SALVAGUARDA” no último mês de agosto com shows que passaram pela cidade de Vitória – ES. Ainda este ano, o grupo marcará presença em palcos de Belém do Pará, São Luís do Maranhão e Salvador, em datas a serem divulgadas em breve.
“A gente buscou, de um modo geral, a tradução da imagética em comum com os povos indígenas e africanos, a concepção da dualidade e dos seus múltiplos, fundamentais para os chamamentos das forças espirituais. Cremos que esse EP inaugura, também, uma imagética e simbologia que é fruto, resultado de confluência, e ela também permanecerá à medida que as pessoas vão entendendo ‘SALVAGUARDA’, como um lugar de memória que lhes lembre o caboclo”, finaliza I S S A.