sexta-feira, novembro 22, 2024

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“Clássico”: Conto do romancista Fausto Fawcett se une ao rap de Kellvn em novo single do rapper carioca

O cantor, compositor e rapper Kellvn inicia seus lançamentos do ano com o single “Clássico”, produto do projeto “TerritóRIO”, que conecta artistas de bairros cariocas com o cantor-compositor, dramaturgo e romancista Fausto Fawcett. A música, lançada neste 16 de março, alia a citação do conto do renomado escritor às rimas de Kellvn. Ouça nas plataformas digitais.

O projeto “TerritóRIO” parte de uma sensibilidade artística e antropológica de Fausto Fawcett ao vivenciar alguns bairros do Rio de Janeiro. E sua primeira edição tem como protagonista o bairro da Gardênia Azul, localizado na Zona Oeste da cidade. A partir de sua experiência, o escritor cria um conto – “Gardênia Tatuada”, que é ponto de partida para criações de artes urbanas. Neste caso, nasceu o painel de Graffite assinado pelo artista ILME, a música de Kellvn em parceria com Fausto e um curta-metragem produzido pelo coletivo Baixada Cine.

A música, com produção de DJ Betão, é um rap com referências do funk carioca na batida. Kellvn comenta que apesar de ser artista do rap, possui uma memória afetiva com o funk do início dos anos 2000. Segundo Kellvn, Tati Quebra-Barraco, MC Sabrina, Deize Tigrona e Claudinho e Buchecha marcaram sua infância e serviram de referências sonoras para a construção de “Clássico”, que ele considera como sua primeira faixa com elementos claramente inspirados no funk. 

Explicando o conceito que dá nome à música, um clássico, na visão de Kellvn, “é tudo aquilo que se tornou relevante e se eterniza na história”. Para o artista, tanto a capa do single quanto a música agora poderão ser eternizados e usados como objeto pras futuras gerações saberem quem passou antes por ali e a importância de cada um para a identidade do bairro.

Eu venho de uma rua em Gardênia Azul onde moram pessoas que são muito antigas no bairro e que viram o território mudar, sendo que muitas delas se foram e levaram consigo as memórias. A minha avó Therezinha e a Dona Irene, avó da minha vizinha Juliana, são dois exemplos de que é preciso eternizar o conhecimento que não é escrito em livros.

Conto “Gardênia Tatuada”

De repente, no meio do jardim suspenso, do jardim suspeito desse Rio-Babilônia, surge a flor Gardênia, saída da faísca da fúria de um motor que a garganta profunda de um mecânico eremita, gritando que o mundo não passa de uma oficina maldita cheia de alucinações. No meio do jardim suspenso, suspeito desse Rio-Babilônia, surge a flor Gardênia, saída da faísca das coxas dançarinas Faquírias, das coxas dançarinas Galiléias Absurdas e das coxas dançarinas Fuzilâminas. Corações traçantes desafiam munições viajantes, enquanto o mecânico eremita diz que a Gardênia agora é um bairro-experimento, provocando um novo entendimento mental, tecnológico. Nervoso-carnaval-mental-tecnológico-nervoso-carnaval. Ópera-videogame-funk. É preciso dar um gás na gambiarra social porque é apocalipse now.

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