quarta-feira, janeiro 8, 2025

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Com rimas de rap embaladas por guitarras distorcidas, Peter Só divulga álbum “Sonhos de Plástico” que critica as redes sociais

Segundo pesquisa do Instituto Cactus em parceria com a Atlas Intel, jovens que passam mais de três horas por dia em plataformas digitais têm um risco 30% maior de apresentar quadros de depressão em comparação com aqueles que fazem um uso mais moderado. A mesma pesquisa aponta que 45% dos casos de ansiedade em jovens de 15 a 29 anos estão relacionados ao uso intensivo dessas plataformas. Com esse tema como mote, o música, integrante da cena independente de Botucatu, interior de São Paulo, Peter Só, cutuca de forma sagaz os danos causados pelos algoritmos viciados nas redes sociais no contundente álbum “Sonhos de Plástico”, já disponível em todas as plataformas digitais e que inicia sua turnê no dia 10 de janeiro na própria casa, no Black Ballow Music Club, em Botucatu, interior de São Paulo. 

https://open.spotify.com/intl-pt/album/21IRq2o8KV3XvSvDlGbrUs?si=KJ48K2NoTOKjkS8BDGeecA

Não é coincidência que o primeiro show da turnê de “Sonhos de Plástico” seja anunciado no Janeiro Branco. O Mês busca visibilizar pautas sobre a importância da manutenção da saúde mental e emocional e é cada vez mais comentado na atualidade.  

A faixa introdutória do álbum relembra que existe uma vida real e que a enganação narcísica das telas não se compara com as benesses de viver de verdade. “Irmão, escuta o que estou te falando. Sai desse bagulho e vai viver. Ninguém é tão feliz assim quanto parece, não. Isso aí é tudo fake. A gente é feliz e triste, surtado, depressivo, ansioso, alegre, triste de novo, e nem chegou a hora do almoço ainda (…) a gente pega o celular o tempo todo e ele fica fritando sua mente, querendo que você seja coisa que você não é, querer ter coisa que você não tem, e fica te vendendo coisa que você não tem”, declama o artista.

Bebendo direto na fonte de bandas como Rage Against The Machine, Cypress Hill, Racionais MC’s, e Beastie Boys, Peter Só não se faz de rogado para falar de antirracismo, homofobia, vício em redes sociais, angústias existenciais e muita guitarra pesada. O álbum conta com audiovisual gravado com banda afiadíssima composta por Rafael Bissacot na guitarra, Fernando Santos no baixo e Bruno Werner na bateria. A mesma formação acompanhará o cantor no show do dia 10. 

O disco traz ainda participações de Leyllah Diva Black, Regiane Cordeiro, Altivo Felipe e Nego Max, sob produção de Bruno Werner, Otávio Madureira e Rafael Bissacot.

Sobre sua posição em relação à regulamentação das redes sociais, Peter Só é muito claro: “Eu tenho uma filha de dois anos e meio e em muitos momentos eu me vi ali, sem dar atenção para ela. Ficar fazendo coisas inúteis e rolando feed do Instagram. Acho que bateu forte também. Chegou um momento que eu falei, ‘não, cara, isso não é real’.  Não tem condição nenhuma de continuar do jeito que está”, conta o músico, que também está ciente das contradições que o sistema nos impõe. “Eu me considero viciado também. Tipo, eu uso isso, é óbvio. Meu trabalho depende disso. Mas a hora que você percebe que tinha coisa muito importante a fazer, mas está há uma hora preso em um feed infinito, o questionamento vem forte”.

Reforçando sua posição sobre o tema, Peter lançou em suas redes o Manifesto Contra a manipulação das Redes Sociais e em Defesa da Inteligência Humana. “As redes sociais, de forma sútil e intencional, vem com sua superficialidade e imediatismo, suprimindo a reflexão profunda e a crítica construtiva. Transformando nossas relações, nossa arte e outras manifestações sociais em meros cliques e curtidas”, diz a nota.

Peter participou ativamente do cenário cultural independente do país, com bandas como Os Cavaleiros do Após-Calypso e o Sound System Sementes Livres HiFi, isso o faz entender a importância das redes para divulgação do trabalho de quem não tem mega estrutura, mas a sua música foca na sustentabilidade da estrutura que promove declínio da saúde mental das pessoas. E para essa conscientização, sua metralhadora de palavras está a serviço, como na faixa homônima de “Sonhos de Plástico”: “Sistema podre infectando tudo/ Amostra grátis de droga pra viciar seu conteúdo/ É a matrix na palma da sua mão pra entreter/ Se é de graça já tá claro que o produto é você”, dispara.

Em “Show da Vida Fake”, o assunto segue sendo alvo, com a letargia generalizada diante do morticínio de corpos marginalizados. “Durante algum momento até cheguei a me iludir, pensando que fazer stories é resistir” (…) O show da vida fake no meu Iphone parcelado”, diz a letra incisiva.

A atual conjuntura política brasileira não escapa do olhar atento de Peter Só. Na faixa “Democracia”, carregado pela sonoridade hardcore funkeada, o cantor disserta sobre as relações espúrias entre sistema financeiro e político. 

Diante de uma guerra ideológica que tem cooptado o entendimento do que é ou não é o sistema, Peter Só sabe que seu álbum chega num momento de disputa de narrativa, mas não teme o confronto. “Em uma faixa eu falo ‘não dá mais tempo para metáforas e nem vale a pena’. A extrema-direita incutir na cabeça das pessoas que tem alguma coisa que não está dentro de um viés ideológico. E isso não existe. Tudo o que é dito e tudo o que é publicado  tem um viés ideológico,  tem a ver com a sua história de vida, enfim, as experiências que você teve. E eu acho que isso faz muito mal. Porque aí o cara vai lá e escuta o Roger Waters e ele fala ‘mas por que você vai falar de política?’ Porque tudo é política”, reflete.

SERVIÇO

Peter Só apresenta o álbum “Sonhos de Plástico em Botucatu

Abertura: DJ Beatracks

Data:10/01/2025

Horário: 20h

Local: Black Ballow Music Club

Endereço: Av. Deputado Dante Delmanto, 1619

Venda de ingressos: Entrar em contato diretamente no número (14)99906-9228

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