quinta-feira, novembro 21, 2024

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“Com Todo o Respeito ao Samba”: Álbum póstumo e inédito de Mr. Catra chega às plataformas em homenagem ao samba

A voz grave, marca registrada de Mr. Catra, mudou a cara do funk a partir da segunda metade da década de 1990, popularizando o ritmo para muito além dos limites das comunidades cariocas. Referência para MCs que vieram no rastro de seu sucesso, Catra saiu de cena precocemente, aos 49 anos, mas deixou registros que revelam a intimidade do funkeiro com outras levadas musicais.

Nascido no Morro do Borel, tradicional berço do samba no Rio de Janeiro, Mr. Catra era um apaixonado pelo ritmo. Gostava de reunir amigos e parceiros em sua casa para animadas rodas de samba regadas a churrasco, suingue e sambalanço.

Essa intimidade foi capturada no álbum “Com Todo o Respeito ao Samba”, projeto que chega agora às plataformas de streaming (selo Labidad), depois de anos de gestação, idas e vindas. No álbum, Catra vai do samba clássico ao pagode romântico, passando pelo samba rock, com autoridade de quem conhece o riscado. O projeto teve uma primeira versão em 2012 e uma segunda em 2015, ambas nunca lançadas comercialmente: só agora chegam às plataformas em seu formato oficial, em 05 de novembro, data em que o artista completaria 55 anos.

Com todo o respeito ao samba” foi produzido pelo mineiro Pedrinho Ferreira, ex-diretor musical do Só Pra Contrariar, que tem em seu currículo trabalhos com Alexandre Pires, Seu Jorge, Martinho da Vila e Jorge Benjor, entre outros, além de extensa experiência como instrumentista, diretor musical e arranjador de artistas nacionais e internacionais.

O Catra queria lançar um CD de sambas e me procurou através de seu empresário, na época. Ele fazia muitos shows em Uberlândia e quando vinha aproveitava para colocar as vozes. O Catra escolheu o repertório, eu fiz toda a parte musical e ele não mudou nada, o que foi muito bacana: me deixou totalmente livre para fazer a produção musical, a escolha dos músicos, etc. A gravação/mixagem foi feita no meu estúdio, em Uberlândia, e a masterização em Miami”, pontua Pedrinho.

Sobre a sonoridade variada do álbum, o músico e produtor mineiro conta mais: “Dentro do contexto das composições, eu escolhia para que lado iríamos. Nos sambas mais tradicionais focamos nas percussões; nos mais românticos, ampliávamos as possibilidades, mas a sonoridade final tem uma unidade”, avalia.

Autor de 5 das 11 canções do álbum, Marcio Local participou do projeto desde o início: “O Vagner (nome de batismo de Mr. Catra) tinha muita relação com o samba, sempre foi um sonho dele realizar este trabalho. Quando ele ouviu minhas músicas ficou louco! Algumas já existiam, como “Swing 021” e “Happy Endings”, mas “Preta Luxo” eu fiz da minha relação com ele: queria misturar o funk com o samba para ele gravar”, relembra o compositor, músico e cantor carioca.

O Catra não era só funkeiro, tinha muito talento, era uma pessoa incrível. Para quem só conheceu Mr Catra que falava de sexo nas letras, vai se surpreender quando conhecer o Catra que fala de amor nos sambas. É um material que ele deixou com muito amor e carinho, porque ele sabia o que representava não só na carreira dele, mas na vida dos filhos, na vida de cada pessoa que ouvir este álbum. ‘Com todo o respeito ao samba’ vai ser histórico”, finaliza.

No repertório do álbum consta ainda o samba “Mangueira é uma mãe“, que Mr. Catra contava orgulhoso ter sido um presente do compositor Serginho Meriti, além três canções de autoria do próprio Catra: “Triste fim da mina”, “Sua foto” e “Se dê valor”.

É como diz a letra de “Swing 021”, que abre o disco: “O samba balança, comove, nos move/ Quem fica parado na pista é poste/ Eu sambo sim, porque é minha oração/ Residente carioca / O swing 021 balançando na moda”.

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