Auditório Ibirapuera, sábado chuvoso, pouco mais de 21hs, Tássia Reis nos convida à uma “Outra Esfera”, órbita onde reina absoluta. Dona do palco, generosa com os seus e segura de si, Tássia possui uma alegria e carisma que nos envolve do início ao fim. A cortina se abre, sua banda impecável, todos de branco começam o show com a música “Não é 4902Proibido”. Sob aplausos e elogios da plateia, mandaram na sequencia “Good Trip” do primeiro disco da cantora.
“No Seu Radinho” um de seus hits, som romântico com uma letra cheia de analogias à termos do rap, levou o público a entoar um belo coral ao final da música. Seguiu com “Se Avexe Não” música de seu último videoclipe (assista AQUI), reproduzido num telão ao fundo neste momento do show.
Tássia chama ao palco sua atração surpresa, que é a compositora Mahmundi. A cantora não economizou elogios à guitarrista carioca, e juntas tocaram sua poética ode à liberdade “Desapegada” e na sequência “Leve” que segundo Tássia é uma das músicas que ela mais gosta, fechando a apresentação de Mahmundi.
O show contou com participações especiais e uma delas foi a de Eduardo Brechó, da banda Aláfia, que adentrou o palco com ginga e um vocal marcante no meio da música “Perigo”. Tássia e Brechó fizeram um duo gostoso de ver, mostrando uma sintonia e admiração mútua notável. Cantaram também “São Paulo Não é Sopa” música do último trabalho do Aláfia, o qual Tássia também faz participação no disco.
Seu set contou ainda com um tributo. Tássia pediu permissão olhando para o alto e mandou uma dançante versão de “Blacklash Blue” de Nina Simone. Seguindo com a música que a lançou à notoriedade, a faixa do seu primeiro EP “Rappnjazz”, teve um breve instrumental de “Crazy in Love” de Beyonce.
Ao final e nesta altura do show o público já estava em pé vibrando próximo ao palco, Tássia convida as MC’s Karol de Souza, Alt Niss, Drik Barbosa, Tatiana Bispo e DJ Mayra suas parceiras no Rimas & Melodias para fazer a música cypher e a engajada Da Lama/Afrontamento.
O show finaliza com “Ouça-me”, Tássia sai do palco e o público pede mais. A cantora e sua banda voltam e encerram mandando aquele recado na pegada jamaicana de “Semana Vem”.
Tássia deu um show e mostrou na sua troca com o público, em sua maioria mulheres – muitas de cabelos blacks poderosos – toda a simbologia do que diz chamar de lacre. No show também vemos o quanto essa manifestação tem importância, quando mulheres cantando todas as letras e a admirando veementemente, se veem ali no palco representadas por toda convicção de Tássia.
Por mais que a ideia e o comportamento em torno de conceitos como “lacre”, “tombamento” sejam questionados, principalmente sobre sua efetividade e significância política dentro do movimento negro, é inegável a força com que esses termos e atitudes influenciam de forma empoderadora outras mulheres, principalmente mulheres negras, negras de periferia e isso é político, além de já culturalmente estabelecido. Tássia lacra de fato.
Confira, abaixo algumas fotos do show: