O mini-documentário “O DeeJay no Movimento Hip Hop: O toca-discos como instrumento musical” foi idealizado por DJ Deco “Groove a Quilo” (DJ, Beatmaker e educador musical) e Ana Sthel (Batuqueira e também educadora musical). Desenvolvido entre o final de 2020 e começo de 2021 em meio a pandemia da Covid-19 e financiado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc do município de Itajaí – SC, o documentário mostra de forma didática e fluida as principais técnicas responsáveis pela transformação do aparelho toca-discos, que em um primeiro momento foi criado apenas para reproduzir músicas pré-gravadas em discos de vinil, em um instrumento musical que se assemelha a qualquer outro mais tradicional, como por exemplo, uma bateria ou uma guitarra.
André Luís, também conhecido como DJ Deco Groove a Quilo (DJ), O Coletor de Amostras (Beatmaker) e Sopro Inverso (MC), além da disposição artística para criar codinomes é formado em Licenciatura em Música pela Universidade do Vale do Itajaí e atua como professor no ensino básico desde 2014. Apesar de ter uma carreira de DJ com mais de 18 anos, composta por práticas musicais de discotecagem em festas e também como instrumentista em bandas de gêneros diversos, foi como MC em um grupo de Rap, na cidade de Campinas-SP que teve seu primeiro contato autoral com este gênero. É um apaixonado pela cultura Hip Hop e é fã de Rap desde seus primeiros gritos no Brasil no início dos anos 90. Como DJ e mais tarde como professor de Musicalização, André colecionava dificuldades para explicar aos curiosos que não possuíam muita familiaridade com a cultura Hip Hop, como o DJ “misturador de sons” ou “Turntablist” (termo norte-americano criado em 1995 pelo DJ Babu) tornou-se um instrumentista através do desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas para a manipulação do áudio através dos toca-discos e mixer. Diferente daqueles DJ’s que apenas reproduzem o som como um serviço de streaming.
Motivo de estudo para os idealizadores deste projeto durante muitos anos, inclusive na graduação de ambos, toda a discussão que permeia as descobertas em relação ao processo evolutivo inegável ao qual o toca-discos passou submetido junto ao movimento Hip Hop, só teve em 2020 a oportunidade de ser transformado em algo que fizesse sentido para, principalmente, a população que não tem ideia de como é a prática musical de um DJ manipulador de áudio. O movimento Hip Hop (com a roupagem estética que conhecemos hoje) e consequentemente o movimento “Turntablism” teve seu início nos Estados Unidos no final da década de 1970 / início dos 80 e só se manifestou de maneira mais enfática no Brasil no início de 1990, portanto, com um delay de 10 anos. O Hip Hop brasileiro tem mais ou menos 30 anos de vida e historicamente falando, isso é um sopro de tempo. O mini-doc “O Deejay no Movimento Hip Hop: O toca-discos como instrumento musical” é mais um parágrafo no grande livro do Hip Hop, que ainda está sendo escrito, e conta a história de como o equipamento Toca-discos se tornou um instrumento musical e o DJ um instrumentista.