A iniciativa foi criada pela Converse em 2017 e, desde então, a cada rodada de nomes selecionados, a marca vem construindo uma comunidade de talentos emergentes, a comunidade All Star, que até agora soma cerca de 1.500 pessoas espalhadas em 33 cidades pelo mundo, os criativos também chamados de All Stars. O grande objetivo do programa é financiar e estimular globalmente as ideias de pensadores inovadores, apoiar os All Stars e suas visões, impulsionando-os em suas buscas nos meios de criatividade para que se tornem profissionais estabelecidos e em tempo integral cada um em seu setor.
As inscrições para fazer parte do ciclo de 2024 e lançar projetos em 2025 estão abertas para qualquer criativo independente com 18 anos ou mais até o dia 14 de maio, através desta página no site global da marca.
Nos últimos dois anos, o programa All Stars apoiou cerca de 120 projetos de criadores da comunidade. Através dele, a Converse cria oportunidades para os All Stars tornando possível seu acesso a uma plataforma de crescimento em que os criativos podem se expressar em seus próprios termos. Além do financiamento direto de projetos autorais, a Converse comissiona trabalhos da marca para os All Stars e proporciona mentorias e imersões de criação com grandes artistas que são seus parceiros, como o rapper Tyler, the Creator, em eventos de elaboração coletiva de projetos criativos. Neles, reúnem-se nomes da comunidade, oriundos de diversos países, entre os quais se inclui o Brasil, e que são realizados em cidades como Paris, na França, e Sydney, na Austrália.
All Stars Projects 2024: Ayra Kopém e Nazura
Neste ano, o resultado do ciclo 2023-2024 do programa All Stars no Brasil pode ser vista nos projetos lançados pelas artistas Ayra Kopém, cantora, e Nazura, artista visual, com apoio da Converse. Seus trabalhos foram selecionados nas inscrições do ano passado e, nos útimos dois meses, foram sendo desenvolvidos até estarem prontos para irem a público.
Ayra Kopém tem 24 anos, é cantora e indígena Guaianá. Sua sonoridade trafega entre brasilidades e o hip-hop, o que ficou evidente em seu primeiro álbum, “GUIÁ”, lançado entre março e abril deste ano. O trabalho exalta as raízes da artista, a começar pelo título, “GUIÁ”, uma palavra do idioma Dofurem Guaianá, que significa “o arco”, mas também alude à palavra “guia”, no sentido de ser guiado. Temas como direitos e pautas indígenas, a floresta, o corre de quem vem da periferia, o amor, a espiritualidade e a ancestralidade vêm à tona tendo como principal eixo musical o hip-hop e suas variantes, como boom bap, trap, jersey, hard rap, drill e amapiano. Ritmos brasileiros como samba, funk e música originária se mesclam a essas sonoridades, assim como o tropical dancehall. Ayra começou sua carreira musical há oito anos, mas se tornou profissional a partir de 2020 e, hoje, com alguns singles, dois EP’s e seu novo álbum, a artista busca se expressar de forma diversa, sobrepondo diversos gêneros ao hip-hop.
A paulistana Nazura, de 26 anos, é residente da zona leste da cidade e é artista visual, pesquisadora e estilista, que tem o afrofuturismo e a pesquisa decolonial como os fios condutores de seu trabalho, que abrange tanto a moda quanto as artes visuais. Vem consolidando sua carreira artística desde 2018, quando se formou em Artes Visuais e passou a conseguir apoio por meio de editais internacionais, estaduais e municipais para realizar murais de grande impacto em diferentes regiões de São Paulo. Nazura aborda o afrofuturismo para além de uma estética, e sim como um movimento de libertação e um chamado para a construção de uma nova identidade negra no tempo. Dentro dessa visão, lapidada na pesquisa de mestrado em História feito pela artista, concluída neste ano, ela incorpora elementos de sustentabilidade, pluralidade e sabedoria ancestral que escapam ao olhar hegemônico.
Seu projeto selecionado no ciclo mais recente do programa All Stars se chama “Ecos do Amanhã”, filme afrofuturista que busca reunir em sua narrativa elementos importantes da cultura afrobrasileira, e como ela se manteve viva através da história. A partir da indumentária, o filme assinado por Nazura é a reunião de uma pesquisa de quase cinco anos. “Neste projeto, busco fazer algo que não fiz antes, partir para uma concepção conceitual da minha pesquisa a partir da moda como representação dos arquétipos que trabalho. Essa produção é uma união de todas as linguagens com que eu amo trabalhar — audiovisual, moda, desenho. É assim que eu entendo afrofuturismo, como uma narrativa que pode ser contada de diversas formas, justamente porque a história é multifacetada”, afirma a artista.