Segundo relatório do Financial Times, recentemente o Spotify, serviço de streaming de áudio, removeu 7% das músicas criadas com o site Boomy de sua plataforma depois que a Universal Music Group (UMG), gigante do mercado de música global, sinalizou a empresa de IA generativa por supostamente usar bots para aumentar seus números de streaming.
Anteriormente a UMG já havia solicitado que os principais streamings do segmento, como Spotify e Apple Music, restringissem o acesso das IA’s às discografias de seus clientes, para que não houvesse plágio, depois que viralizou uma música intitulada “Heart on My Sleeve”, criada inteiramente por inteligência artificial e utilizando as vozes dos cantores Drake e The Weeknd.
Essa grande polêmica envolvendo músicas geradas por ferramentas de inteligências artificiais estão longe de chegarem ao fim e trazem à tona uma importante discussão em torno de questões como direitos autorais e autenticidade. Para Sérgio Lopes, CTO da Alura, “você consegue treinar um modelo de IA com todas as músicas de um cantor ou cantora e gerar um próximo álbum, que mal se consegue diferenciar se foi realmente gravado pelo artista ou por uma ferramenta de inteligência artificial. Fico pensando em tudo que veremos dentro da indústria da música”, avalia.
Artistas póstumos como o rei do pop, Michael Jackson, e o vocalista da banda britânica de rock Queen, Freddie Mercury, não escaparam dos virais covers, gerados por inteligência artificial, que estão circulando pela internet. A voz de Michael foi usada para interpretar o hit de 2016 “I Feel It Coming” do The Weeknd e já acumula mais de 190 mil visualizações no YouTube. Enquanto Mercury, teve sua voz usada em um cover de “Yesterday” da lendária banda, também britânica, The Beatles.
Sites como Mubert AI, Amper Music, MusicLM e Boomy, estão possibilitando novas oportunidades para a criatividade e a democratização da produção musical. Paulo Silveira, CEO e cofundador da Alura, afirma que “estamos vendo um novo mundo de possibilidades se desdobrando diante de nossos olhos. A música gerada por IA não é mais uma ideia absurda, mas uma realidade que já está sendo explorada por artistas e produtores”, pontua.
Mas, enquanto a tecnologia avança, ainda há coisas que não é capaz de imitar. Um exemplo disso é a técnica do lendário produtor musical J. Dilla, que subvertia o sequenciador eletrônico para criar beats “defeituosos”. Ao programar a máquina para errar os andamentos de forma irregular, Dilla criava uma sonoridade única, diferente da precisão das baterias eletrônicas. Será que a inteligência artificial pode conseguir reproduzir essa técnica tão humana?