sexta-feira, março 14, 2025

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Direto do Capão Redondo, Jovem Obama, Lotus Badqueen, Yque e Chris i15 dropam “CYPHER INFAME”

Se “Cê quer da um rolê no Capão daquele jeito” escute a “CYPHER INFAME”. O single lançado nesta quarta-feira (28), mostra que os MC’s Jovem Obama, Lotus Badqueen, Yque e Chris i15, artistas do selo SSGANG, tem a caneta afiada, promovendo discussões sobre temas que constantemente afligem as quebradas: desigualdade social e racismo.

Produzida pelo MC Jovem Obama, a “CYPHER INFAME” também ganhou um videoclipe em formato 3:4, fazendo alusão às TVs de tubo, mas em high definition. O conceito não poderia ser mais anos 1990. Com cores vibrantes e uma estética de rua, o audiovisual usa como background o editorial SSGANG, da marca suburbana Lojinha do Broken, transportando o espectador diretamente para um clipe da era de ouro da MTV, e mostrando a versatilidade dos artistas do Capão Redondo.

Assim como o videoclipe, a produção musical está repleta de referências, que combinadas com a lírica dos artistas levam o som a um outro nível. No início da faixa, Lotus já mostra a que veio e entrega sua capacidade vocal. Rimando em cima de um beat que mistura o gangsta rap com o R&B da década de 90.

Quando escrevi minha parte da letra, estava em um conflito interno gigante e posso dizer sem dúvidas que foi um desabafo, um suspiro em meio a depressão que tentava me derrubar. Busquei trazer nela toda a realidade que vivi sendo mulher, mãe preta, militante e periférica/favelada, tudo o que vi, ouvi, senti e sonhei dentro daqueles becos estreitos, das crianças lindas e meninos inteligentes que vivem lá. Podemos dizer que de tantas e tantas composições essa é a minha predileta, pois ali só tem verdades nuas e cruas tudo que aprendi, ali tá a Lótus de coração aberto falando tudo que passou e sentiu”, compartilha a MC Lotus Badqueen.

O beat vira e Jovem Obama mostra suas raízes no underground, em um boom bap sombrio que harmoniza perfeitamente com suas rimas versáteis e rápidas, que falam da realidade do homem preto na favela.

No meu verso falo sobre a constante luta contra o genocídio negro que ocorre no Brasil, que começa com a destruição das nossas comunidades, cultura, escolaridade até a falta de oportunidades e o racismo estrutural que mantem uma classe e raça sempre em constante desigualdade. É a narrativa da luta de um homem preto no meio da zona sul, lidando com as opções que tem em sua comunidade, as encruzilhadas e a difícil realidade de paz em meio a uma guerra”, conta Jovem Obama.

Já o MC Chris i15 chega com um beat mais swingado. Inspirado no Miami Bass, um subgênero do rap, característico por sua batida continuada e bateria eletrônica Roland TR-808. 

Nas minhas linhas abordei de maneira swingada, os desafios, reflexões e o desabafo de um homem preto, como no verso “Bem vindo a era do caos, pelas calçadas  há  sedução do perigo, medalhas por matar o povo preto”. Uma das minhas referências foi Tupac, em especial a música “All eyez on me” e o mestre Cartola,  mesclando as duas inspirações atingi o que buscava passar na música”, complementa Chris i15.

Dando o fechamento perfeito para a track, Yque exibe suas habilidades rimando em um beat com uma pegada gangsta trap anos 2010. “Eu quis fazer um verso divertido e ao mesmo tempo muito sério. Quis criar um equilíbrio, fazer as pessoas rirem e pensarem sobre o que está sendo dito ao mesmo tempo. Trago diversas referências do rap, como o álbum do Rzo “Todos são Manos”, figuras históricas como Napoleão. E reflexões sobre desigualdade social, como no início do verso “na porta do shopping “ceis” entra em choque”. Acredito que consegui unifica bem essas ideia”, salienta Yque.

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