“Pega as taças, eu sirvo o vinho”, diz a música “Mile Dias”, uma das mais marcantes do segundo disco do grupo 509-E, formado por Afro-X e Dexter, da Vila Calux na periferia de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O álbum intitulado “MMII DC (2002 Depois de Cristo)” foi lançado em 2002 e sucede o “Provérbios 13”, do ano de 2000.
“MMII DC” foi lançado pelo selo Só Rap, da gravadora Atração Fonográfica e teve produção realizada pelo próprio grupo, Afro-X já estava em liberdade, enquanto que Dexter ainda cumpria pena, mas o fato não foi barreira para que o 509-E lançasse um dos mais emblemáticos e importantes álbuns do rap nacional.
Além de “Mile Dias” que trás um clima de nostalgia, ao lembrar o Calux do passado, não só como lugar, mas das pessoas e histórias que fizeram parte da quebrada, o álbum traz a faixa “A Saudade Continua”, que vem como uma segunda parte para o enredo apresentado na música “Saudades Mil”, do disco “Provérbios 13”, onde Dexter troca correspondências com o mundo externo, traçando paralelo entre os momentos de liberdade e a rotina na prisão.
O grupo RZO também marcou presença no disco, participando da faixa “É Nóis”, que fala sobre união e ser a resistência sobre os infortúnios que a vida traz, num clima de maloca as duas bancas confraternizam nesse som. E destaque também para a música “Rainha do Lar”, dedicada as mães, como citado na introdução, nesse rap o grupo aborda todo o amor que u mãe tem por sua cria, enquanto narram paradas pessoais, vivências e aprendizados. Faixa que emociona.
O grupo 509-E não está mais junto, Afro-X segue sua caminhada no hip hop, enquanto que Dexter é um dos nomes mais celebrados na cena, a parceria entre os rappers começou antes mesmo do álbum “Provérbios 13” e do grupo 509-E, quando se chamavam Linha de Frente. Juntos fizeram essa importante obra que narra o sistema carcerário brasileiro sobre uma outra ótica, a do ser humano com saudade, remorso, arrependimento e querendo ter uma nova chance lá fora. Abaixo você confere esse trampo:
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