sexta-feira, novembro 22, 2024

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DJ Gabi Matos representa Goiás e Norte do Brasil no Festival Turá em São Paulo

O Norte do Brasil será muito bem representado pela DJ Gabi Matos (Pará/Goiás) durante o Festival Turá, que acontece neste sábado e domingo (29 e 30 de junho) no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Gabi Matos será também a única atração representando Goiás neste festival. Isso porque a artista é residente em Goiânia há anos e foi através de suas conexões musicais entre o norte e o centro-oeste que a Dj vem se destacando por todo o país.

Gabi Matos se apresentará no domingo, a partir das 12h15, com um set que exalta a música brasileira tropical. O Festival Turá deste ano apresenta uma das curadorias mais diversas de todas as edições já realizadas no Brasil, que vão de Chitãozinho e Xororó até Adriana Calcanhotto. Com representantes de todo Brasil, Gabi crava sua bandeira como representante do Norte do país, junto com a DJ Carol Tucuju, do Amapá.

Conhecida pelos seus tecno-brega, Gabi Matos preparou um set de música regional brasileira para o Festival Turá, passando pelos gêneros forró, brega, xaxado, baião, guitarrada, lambada, entre outros. Aproveitando sua passagem por São Paulo, Gabi está com a agenda cheia neste final de semana na capital. A DJ paraense vai gravar um set na Rádio Na Manteiga, nesta quinta-feira (27), também será uma das atrações da festa “Piranhão” no Brega Dance Club no sábado (29), e finaliza sua tour por São Paulo no domingo (30) no Festival Turá, a partir das 12h15.

Nascida paraense, mas goiana de história, Gabi Matos é Dj e Produtora de Eventos desde 2017 na capital do pequi. Gabi é pesquisadora de músicas regionais brasileiras, com foco na cultura nortista amazônica, latina e na valorização da mulher na música. Seus trabalhos principais se baseiam entre as cidades de Goiânia (GO), Belém (PA) e São Paulo (SP). Atualmente, é produtora e DJ da festa Piranhão, da Selvática (coletivo e festa de mulheres DJs goianas), Baile Felina (coletivo e festa de DJs mulheres no Pará) e atua como curadora musical do Zé Latinhas (um dos bares mais antigos e culturais da cidade) e outros eventos e espaços em Goiânia. 

Gabi já é residente de diversos festivais, blocos de carnaval e festas de renome nacional, como Bananada (GO), Vaca Amarela (GO), Prosa Sonora (GO), Festival Obalalá (GO), Festival Criolina (DF), Festival da Primavera (GO), Goiânia Noise (GO), Grito Goiânia (GO), Casa Farm (PA), Festa Je Treme Mon Amour (SP), Xêpa (RJ), Bloco Não é Não (GO) e Bloco do Mancha (GO). Além de tocar em diversas cidades da região Centro-Oeste, Norte e Sudeste do Brasil, já tocou junto com DJs renomados (Mulú, Waldo Squash, Mirands, Miss Tacacá, Tatá Ogan, Giu Nunez) e bandas como Francisco El Hombre, Marina Sena, Aretuza Lovi, BNegão, Luísa e os Alquimistas, Felipe Cordeiro, Rachel Reis, Rodrigo Alarcon, Juliana Linhares, Totô de Babalong, Kaya Conky.

Para falar um pouco mais sobre essas conquistas, ZonaSuburbana bateu um papo com a artista para contar um pouco sobre como ela está encarando esse novo passo de destaque em solo paulistano. Leia abaixo:

Gabi, você conquistou muitos passos importantes na sua carreira até aqui. Como você vê esse passo atual rumo ao palco do Turá?
Acho que as conquistas são os resultados de muito trabalho que tenho feito há anos em Goiânia e em Belém. Me sinto muito feliz em poder representar, como DJ, 2 estados e 2 regiões diferentes do Brasil. Acho que sou merecedora e também privilegiada por fazer parte de um evento tão grande em São Paulo. E ao mesmo tempo sei que isso pra mim vai ser um pontapé importante para conquistar novos lugares, novos espaços e começar uma carreira voltada para esses grandes palcos. Tenho muita ambição e interesse em começar a ocupar estes lugares de shows, festivais, eventos grandes e fazer por merecer. 

Como aconteceu esse convite pra compor o line do festival?
A princípio, fui procurada pela Tefa, que faz parte do artístico do Festival Turá. Normalmente as pessoas acabam me conhecendo ou entrando em contato pelo Instagram, Soundcloud ou Email. No caso do festival, fui convidada por terem pesquisado meu trabalho, conheceram um pouco do que faço e produzo e aí veio o contato e convite. 

Você, como DJ, Mulher e produtora de eventos, como você enxerga os espaços atuais ocupados por profissionais mulheres em eventos no Brasil?
Acho de extrema importância a presença das mulheres em eventos. Ter mulheres ocupando lines, produções, curadorias e todo o trabalho que envolve eventos é um direito, é uma justiça social, é garantir equidade de gêneros. Representatividade é uma coisa muito básica, mas que parece não entrar na cabeça das pessoas. Se o mundo é feito por pelo menos 50% de mulheres, 50% de um trabalho precisa ser pensado e executado por mulheres. Isso é pensar de forma igualitária, garantir que a diversidade de gêneros, origens, culturas e orientações estejam presentes. Atualmente o mercado de trabalho nessa área melhorou muito, mas ainda tem muito caminho pela frente para garantir essas representatividades.

Sua pesquisa musical é inteira pautada em sonoridades que trazem o Pará pro front, além do grande repertório voltado para dar luz a trabalhos produzidos por mulheres no Brasil. Conte um pouco sobre esse seu processo criativo único.
Acho que meu trabalho reflete quem eu sou, minha história e quem eu quero mostrar para o público. Minha pesquisa musical sempre foi baseada no Pará e nos gêneros musicais da região. Nasci em Belém (PA) e vim criança para Goiânia (GO), mas sempre estive nessa ponte aérea para Belém porque boa parte da minha família mora lá até hoje. Eu cresci criada por mulheres, cresci e tive um convívio muito forte com minha mãe, minhas tias, minha irmã gêmea. Sempre ouvi muito em casa sobre as questões de ser mulher, sobre termos que trabalhar duro para mostrar que somos capazes. Então eu sempre valorizei muito o trabalho de mulheres, isso sempre me instigou muito. Musicalmente, muitos sons que eu pesquisava de música brasileira tinham como referência homens. Eu ouvia os mestres da guitarrada do Pará, mestres do carimbó e ao mesmo tempo me questionava onde estão as mestras da nossa música. E nisso comecei a pesquisar a música paraense e a música feminina brasileira. Acho que são duas bases importantes das minhas apresentações. Eu toco música brasileira. E pesquiso sempre música brasileira feminina.

Ainda estamos longe de equalizar espaços, cachês e outras frentes de trabalho entre os gêneros nos lines dos festivais pelo Brasil. Qual a sua visão pra que isso se equilibre, além do trabalho que você tem feito na Selvática?
Acho que as coisas mudam socialmente quando existem muitas fontes querendo e exigindo essas mudanças. Pensando no universo dos eventos no Brasil, hoje em dia existe uma parcela de público mais preocupada com o que consome, então esse público exige que exista mais diversidade nos lines, produções e tudo que envolve os trabalhos do meio. Além disso, existe também uma quantidade maior de artistas e trabalhadoras exigindo esses espaços e ganhando visibilidade. Até a igualdade ser atingida, a gente (como público também) faz trabalho de formiguinha. Por exemplo, se eu tenho dinheiro pra sair pra algum evento no meu dia de folga, eu vou gastar meu dinheiro no lugar que eu vejo que tem essa preocupação de diversidade no line. Se você tem a oportunidade de contratar alguém para trabalhar no meio, é importante dar espaço e pensar na equidade de representatividades. A Selvática é um trabalho de valorização da mulher DJ em Goiânia, trabalho de coletivo, pesquisa, união feminina. A Selvática ao longo desses anos não mudou a cena goiana, mas com certeza abriu os olhos para o trabalho feminino nas discotecagens. Então esse também é um trabalho de formiguinha, é fazer a nossa micro parte para que uma micro coisa no mundo mude. 

Qual o recado que a Gabi de 2024 daria para a Gabi de 2017, pensando na Gabi de 2034?
Égua! Tanta coisa pra dizer!
Para a Gabi de 2017 eu diria para ela se acalmar porque vai dar certo! Continuar sempre fazendo, tentando, não desistir porque a gente vai chegar mais longe do que imaginamos! Não é fácil ser artista no Brasil, não é fácil trabalhar com música brasileira, não é fácil querer trabalhar com circuitos alternativos, mas é recompensador! Tem que ter muita criatividade pra viver de arte, então é preciso também de tempo para cultivar essa criatividade. Pensar mais no meu descanso, valorizar mais as minhas pausas e experiências pessoais para viver mais plenamente e me ver cada vez mais como uma artista. 

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