Em 2009, Dö Mc lançou seu primeiro trabalho solo, o EP “Váli-DÖ” e, em 2014, a mixtape “LUTA”. O Mc também é produtor e proprietário do estúdio Pura Rua.
Confira um bate papo especial com Dö Mc:
ZS – Você é conhecido por sempre mandar umas rimas conscientes, em uma de suas letras você reforça a importância disto. Você acha que o rap deve manter este caminho?
DÖ Mc – Não só o Rap, mas a arte como um todo, acredito (e essa é uma opinião muito minha) que a arte provoca, e quem está por trás da arte deve saber o que provoca, pois tem total responsabilidade sobre isso. Por exemplo, eu sei que meu público são jovens em formação então cabe a mim pensar. Como vou contribuir pra essa formação? Eu ficaria extremamente envergonhado se visse algum fã tendo uma atitude errada com base no escutou do meu Rap.
ZS – Esta semana as redes sociais ficaram movimentadas por causa da parceria entre Marechal e Costa Gold. Alguns concordaram, outros não. Queremos saber o que pensa sobre isto.
DÖ Mc – Toda parceria, principalmente essa que une dois estilos diferentes são importantes, mas exige dos artistas muito cuidado, sou fã do Marechal e não escuto Costa Gold, e quando eu fui ouvir eu esperava uma conexão entre os dois estilos. Não foi o que eu vi, eu vi conexão entre o Luccas Carlos e o Costa Gold, mas entre os dois e o Marechal, não. Eles estão falando sobre o mesmo tema em cima da mesma batida, mas parece duas músicas diferentes. Eu sigo na máxima “não concordo com o que você diz, mas luto pelo direito de dizê-lo”, mas cabe a cada um decidir se o direito de se expressar está contribuindo ou oprimindo alguém. Recebo alguns convites para parceria, mas eu preciso ouvir o som da pessoa primeiro. É a partir disto que consigo identificar se minha contribuição vai ter algum retorno positivo, se eu sigo uma linha e o outro artista segue uma totalmente diferente, não me sinto a vontade de fechar. Ainda que a música seja dele, minha contribuição diz muito a respeito do que eu acredito. E não se trata da outra pessoa ter o estilo diferente do meu, estou falando de conteúdo, tem discursos que eu não concordo, então eu recuso. Mas novamente, esta é uma escolha minha e cada um precisa se sentir a vontade com suas escolhas.
ZS – O hip hop se mantém como uma cultura de resistência, foi assim que ele nasceu e assim se mantem. Como você vê pessoas inseridas na cultura se apropriando dela para retorno próprio sem querer contribuir?
DÖ Mc – Minha resposta é curta pra essa questão. O tempo vai decidir tudo, o Hip Hop tem esse DNA de resistência, lá na frente vamos ver quem fica e quem sai, é um processo natural, não sou eu quem vai fazer a divisão do joio do trigo, a própria cultura faz isso, acredito nela e nas pessoas que lutam por ela.
ZS – O que você pensa sobre conteúdos machistas, racistas, homofóbicos, entre outras opressões dentro do rap? Qual recado você daria para as pessoas que continuam fazendo isto?
DÖ Mc – Penso que essas pessoas deviam parar de ser assim na vida, mas principalmente no Rap. OK vocês viram os rappers estadunidense fazendo isso e como eles estão no topo da cadeia alimentar vocês “seguem o líder”, mas vocês esquecem que isso é abandono de opinião própria. E lembre-se esse mesmo hip hop que vocês usam pra legitimar seu preconceito já lutou e luta contra eles. Essa desculpa de que já “estava assim quando eu cheguei” ou “eu não inventei o jogo eu só jogo” é um desserviço pra humanidade. Se você está fazendo algo errado e tem consciência disso – e vocês tem! Mude, tenham mais compromisso com quem lota seus shows.
Mais informações acesse: www.facebook.com/domcoficial