Um disco para resgatar e ressignificar a música rap baiana. Proposta ousada? Talvez! Mas nada que desmotive Eldo Boss em seu desejo de construir canções com elementos do rap e da musicalidade baiana. “Rebaianizar” é o verbo que traz a ação do músico em seu novo disco, numa tentativa de resgatar o rap soteropolitano dos anos 90 das influências sulistas da década atual.
Esse é o primeiro disco de Eldo Boss como rapper, e ele deixa claro o conceito trabalhado nas seis faixas de “Rebaianizar”: falar sobre dramas, crônicas e narrativas soteropolitanas utilizando como base instrumentos orgânicos e digitais que traduzem a cultura musical baiana. O trabalho, como ele define, é “um grito contra esse padrão estético que desejam encaixar a baianidade”.
“O disco é um grito contra esse padrão estético que desejam encaixar a baianidade, comportamento e diretrizes. Devemos fugir de todas as condições, tomar conta do nosso espaço e nos reconhecer nele”, comenta Eldo Boss. Outra característica interessante do novo disco de Eldo Boss, essa invisível aos ouvintes do disco, é a participação do músico na produção orgânica das faixas. Ele aparece tocando guitarra, violão, cavaquinho e Derbak – instrumento de percussão tradicional na música árabe. E é com essas experimentações e ousadia que Eldo Boss tenta reencontrar a cultura baiana na música rap, ou, melhor dizendo: “Rebaianizar”.
“As canções foram feitas para dialogar entre paralelos entre o corpo e seu funcionamento e cidade como organismo vivo, e como nós, enquanto fluidos e cidadãos, estamos inseridos nisso como indivíduos pertencentes e representantes desse espaço”.