“Você também já se sentiu assim? Devastada?” esse foi o mote que a artista Lurdez da Luz trouxe para a música “Devastada” já disponível em todas as plataformas de streaming. O novo single estará no EP de mesmo nome, previsto para sair no começo de 2023.
“Devastada” é uma parceria com o Coletivo Quebrante, que une o paulistano DJ Will Robson e o francês Mathieu Hébrard e fala sobre relações abusivas, sobre abuso de poder, trazendo uma analogia de experiências de relacionamentos íntimos com experiências coletivas históricas da América Latina.
“É muito simbólico ela sair só agora, já que nasceu no começo desses últimos fatídicos 4 anos. A transmutação da tristeza do resultado das eleições que elegeram o impronunciável em resistência. Essa música é sobre isso. Agora temos a possibilidade de retomar um bom projeto de país, mas vale lembrar que metade da população está amarrada na máquina fake e essa é uma triste realidade para o Brasil. Então, continuamos dizendo, reafirmando e trabalhando para garantir que nunca mais caminhemos pra trás”, comenta Lurdez.
Antenada no trabalho de mulheres, a paulistana do centro da cidade, diretamente do bairro da Luz, Lurdez credita influências diversas, que passam pela exposição “Mulheres Radicais” que esteve em cartaz na Pinacoteca em agosto de 2018, no livro “Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpos e Acumulação Primitiva”, de Silvia Federici, especialmente na parte que a escritora italiana discorre sobre a caça às bruxas nas Américas pelo fanatismo religioso, além de “Tropicália”, música de Caetano Veloso que abriu as portas para o movimento de mesmo nome, que alterou a rota da música brasileira.
Com uma pegada no forró, homenageando as raízes nordestinas (Lurdez tem a avó e mãe de Juazeiro, na Bahia), “Devastada” celebra a vitória da democracia, mas não foge da luta. A música tem produção musical de Lurdez da Luz e Coletivo Quebrante, mixagem e masterização de Samuel Braga Bordon.
Para a capa, Lurdez escolheu trazer ensaio feito quando ainda tinha apenas 15 anos e feito pela amiga fotógrafa Louise Chin. O material inédito recuperado do analógico e feito no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, traz exatamente a estética a ser apresentada no EP que virá ano que vem. “Percebi o quanto essas fotos têm a ver com o que estou produzindo agora, por representar muito bem a melancolia tropical e a fantasia dilacerada”, comenta Lurdez.