sexta-feira, novembro 22, 2024

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Em novo disco, Fabio Brazza faz declaração de amor ao país, ouça “Tupi, Or Not Tupi”

Você pode chamar o disco novo de Fabio Brazza, “Tupi, or Not Tupi”, de carta de declaração de amor ao país e não estará longe da verdade. Só que é bem mais que isso. O título entrega a ideia do trabalho – “Tupi, or Not Tupi”, a famosa citação ao manifesto antropofágico de Oswald de Andrade, que reafirmava a cultura brasileira pela deglutição da cultura do colonizador, aruminação com a própria cultura e o expelir à sua maneira.

À sua maneira abrange desde os formatos tradicionais que Brazza emprega em seu trabalho quanto a utilização do manifesto de Oswald de Andrade, com oempréstimo de gêneros e ritmos do exterior onde ele pode deitar aquilo quesabe como poucos, os sons do Brasil e seu texto, principalmente empacotadona poesia concreta que conhece de berço.

Seu avô foi Ronaldo Azeredo, um dos criadores e expoentes da poesia concreta no país. Brazza nasceu cercado por essa referência. E também por ritmos que vão do samba ao coco. Agora junte tudo o que foi dito acima e traduza em forma de música. Assimvocê terá uma breve noção do que é este trabalho novo de Brazza, que desde “Filho da Pátria”, de 2014, foi apontado pela conceituada revista eletrônica Wondering Sound um dos 10 artistas que estão reinventando a músicabrasileira. Não à toa.

“Mistura Aê” entrega o que o título promete – um hip hop popular brasileiro com berimbau, sons de roda de capoeira e ritmo e poesia. “Hip Hopnotizado” igualmente, em rap misturado a soul e funk que converge para um samba de raiz. Brazza continua na toada com pandeiro e cavaquinho em “Uma Brasa”, no samba que vira rap. O primeiro convidado vem na música seguinte, e não poderia ser outro se não um grande admirador da poesia concreta, o ex-Titãs Arnaldo Antunes. Eles se conheceram há 10 anos, no velório do avô de Brazza. Torcaram conversa, contato e culminou em “Hey João”, um rap com toque de funk que é o primeiro single.

“De Volta Para o Futuro” encarna um tom apocalíptico à forte métrica doritmo e poesia, com dueto com a cantora Isadora Morais. Outros ídolos deBrazza participam da música seguinte, Caju e Castanha, em A Gente Gosta deInventar”, que trafega pelo repente e forró que o artista gostava de tentarimitar desde pequeno. “Brasil de Norte a Sul” segue a mesma toada, enquanto Paula Lima divide o microfone com ele no rap com toque de charm “Sabe”.

Tem forró com hip hop que vira “Moda de Viola”, reggae com funk setentista em “Aiyra Ibi Aba” e toada linda de violão que vira choro e samba de roda em “O Brasil que Pode Dar Certo”. Mas ainda cabe uma carta apaixonada ao país em Imagina Como Seria”, onde Brazza mais declama do que propriamente canta seu amor ao país….ou à cultura brasileira, por citações aos verdadeiros heróis nacionais. E um desfecho com a cobra mordendo o próprio rabo na volta de “Mistura Aê” e sua profusão de ritmos e referências.

Lembre que cobra mordendo o próprio rabo é canibalismo, quase uma antropofagia. Faça o mesmo, aperte o play novamente e responda o dilema, “Tupi, or Not Tupi”.

+em www.facebook.com/FabioBrazza

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