quinta-feira, novembro 21, 2024

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Emicida aborda os abismos sociais, quadrinhos, música e revolução social no canal Papo de Música

Tem dois Brasis, o oficial e o não oficial. O ‘oficial’ é o grande freio de mão do Brasil ‘não oficial’, que é o Brasil que a gente ama”, explica o rapper Emicida ao canal Papo de Música (antes de cravar que o Brasil ‘não oficial’ precisa chegar ao poder). Em conversa com a apresentadora Fabiane Pereira, o artista destrinchou elos que vê no mundo ao refletir sobre as conexões que faz nesse território de brasilidades alternativas, o vínculo entre calma e revolução e a correlação entre passado e presente.

Um dos grandes responsáveis pela popularização do rap na música nacional, em sua trajetória aliou diversas sonoridades e formas de poesia, característica que viu seu auge em seu último disco, “AmarElo” (2019). “Eu adoro fazer conexões, AmarElo é um projeto que tem como centro de tudo a relação humana, é na relação que a vida acontece. É quando eu me encontro com você que a gente consegue contemplar a existência”, pensa.

Mesmo esbanjando tranquilidade – sentimento que tem ganhado espaço em sua vida como ferramenta de evolução e revolução -, o rapper não deixa de olhar questões que abalam sua calmaria e falou sobre as desigualdades escancaradas neste momento de pandemia ao destacar o caso de João Pedro, jovem de 14 anos morto dentro de sua casa pela polícia civil no Rio de janeiro. “Eu pego muitas fotos da gente no começo da Laboratório Fantasma, com todos nós moleque, sonhador. Com os mesmos corte de cabelo, o mesmo bigodinho ralo do menino João Pedro, sabe? Poxa, cara! Me falta força”, desabafa.

O artista, no entanto, acredita que o segredo para mudar a realidade está, de fato, na calma e no entendimento das diferentes formas de resistência. “Em geral, as pessoas tendem a achar que isso é abaixar a cabeça, porque a gente foi tão doutrinado a entender que resistir é ficar mordendo uma faca e pulando pro front, que a gente não consegue ler que as nossas mães foram resistência, que as nossas avós foram resistência, que os nossos pais – à maneira deles – foram resistência. Isso é uma coisa que me encanta muito, porque eu acho que é ali que tá a chave de salvação desse país”, conclui. A conversa com Emicida é a segunda da série de entrevistas à distância que o canal tem realizado para seguir respeitando as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e também conta com uma playlist inspirada na conversa (ouça aqui).

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