Quando se propôs a entrar em estúdio, em 2019, Emicida não quis pensar em um álbum. A sua teoria é de que um disco, hoje, é igual a um guarda-chuva. Quando você usa um guarda-chuva, é provável que você ainda se molhe da cintura pra baixo, mas na ausência de um barato melhor, continua usando… Em um tempo tão conturbado e tão cheio de informações, como criar algo que traga uma espécie de respiro? O experimento social “AmarElo” foi a resposta encontrada por ele. As letras das músicas trazem imagens de cenas que talvez você visse ao abrir a janela da sua casa. O projeto, contudo, é para além dos versos e das faixas. É sobre vivência e sobre voltar ao começo para, em seguida, cultivar um futuro com mais esperança. Agora, um novo raminho do projeto aflora em formato de prosa. O rapper paulista criou o podcast AmarElo – O Filme Invisível. E viu que era bom.
Assim como Hayao Miyazaki faz nos seus filmes, Emicida tinha como objetivo fazer um trabalho onde tudo tivesse vida e tudo se mexesse. “Se a gente pegasse uma lente para analisar cada parte de AmarElo, encontraríamos uma história gigante pra contar”, diz o rapper. “Eu queria criar um ‘micro-multiverso’, onde cada planeta, estrela, constelação e galáxia fosse um detalhe do grande universo guardado dentro de AmarElo“, explica.
Ao longo de AmarElo – O Filme Invisível – ao todo serão três episódios –, o artista pega tal lente de aumento e mira contra a película de AmarElo, que se revela em referências sonoras, visuais, sensoriais e espirituais. Faz uma viagem pelo vasto universo criativo daquilo que chamou de neo-samba, indo por um percurso novo na forma de perceber a música rap e também a própria existência.
Emicida prepara uma incursão ainda mais profunda pelo experimento social AmarElo. Trata-se de um novo capítulo no qual, como um prisma, sugere outras referências e perspectivas possíveis da existência humana. Continua no próximo capítulo…