Iniciativa do Sebrae que já alcançou mais de 95% dos municípios do país, com mais de 13,5 milhões de atendimentos a estudantes e mais de 1 milhão de professores assistidos, o Programa Nacional de Educação Empreendedora do Sebrae (PNEE) completou 10 anos com um evento em Brasília sobre o tema nesta terça-feira (28). O encontro reuniu gestores, professores, estudantes e representantes dos ecossistemas de educação, além dos artistas Emicida; Criolo e sua mãe, Maria Vilani; e MV Bill. Eles participaram de um bate-papo, contando suas experiências relacionadas à educação como forma de transformação de vida.
A gerente do Programa Nacional de Educação Empreendedora do Sebrae, Edleide Alves, destacou que a educação empreendedora serve para a vida. “Empreender significa realizar, com meta, propósito. Empreender não está ligado somente à abertura de negócios. Essas competências servem para a vida. Que todos tenham direito a uma educação de qualidade e à educação empreendedora como forma de complementar a sua formação”, disse.
Ela recordou ainda a trajetória da pauta no Sebrae, que começou antes mesmo do programa existir, além da participação dos colaboradores e dos parceiros.
Edleide também falou sobre o papel do gestor na implementação do programa. “O gestor é um grande mobilizador dos recursos para que algo aconteça. É aquele que é capaz de ouvir, aprender e buscar os melhores recursos para nutrir os ecossistemas que fazem a diferença lá na ponta”, disse. “O Sebrae entende que pode contribuir também para a educação. Queremos nos unir a todos os atores que estão aqui para que a gente possa realizar esse sonho da equidade no nosso país”, completou a gerente.
Maria Vilani, professora e mãe de Criolo, foi uma das convidadas a debater a educação empreendedora a partir da visão do educador. Ela recordou o tempo em que decidiu se matricular na escola junto com os filhos. Vilani fez um convite aos docentes: escutarem a si e aos outros. “Temos que transformar a nossa vida. Quando eu abri a minha casa para a comunidade para fazer um pré-vestibular, eu escutei a mim mesma”, disse. “A partir daí, precisamos escutar o outro. Nós, professores, falamos muito e não escutamos tanto quanto deveríamos. Preste atenção nos seus sonhos”, finalizou.
O cantor Criolo compartilhou o impacto de ser criado por uma educadora. “Não é um artigo que se compra, isso não está à venda. Com a educação empreendedora, agora temos métodos para fortalecer milhares de pessoas pelo país. Somos agentes transformadores da nossa vida e isso pode ajudar”, comentou. Ele também exaltou a ação do Sebrae na promoção da educação. “Isso vai reverberar em todo o país. Educação transformadora, que é o grande olhar do Sebrae de reconstrução da educação para os próximos anos”, apontou.
O rapper MV Bill também trouxe a experiência da transformação de vida por meio dos livros e como isso o ajudou em sua profissão. “Quando comecei a ser reconhecido pelo rap, pensei no coletivo. Vi que nas favelas onde há projetos sociais, a incidência é muito menor de jovens envolvidos com o crime”, argumentou, ao lembrar o que o motivou a atuar também na Central Única das Favelas (CUFA). “Precisamos fazer com que o acesso seja para todos. Com isso, eliminamos diversos percalços. Podemos fazer muitas coisas para mudar a realidade”, disse.
Já Emicida reiterou o empenho da sua professora Rita de Cássia, que em determinado momento se dedicou a ele, construindo histórias em quadrinhos para que o futuro cantor, compositor e escritor aprendesse os conteúdos. “Embora gostasse de aprender, não me conectava com a instituição. A professora percebeu que eu tinha interesse pelas histórias, especialmente em quadrinhos. Nada disso seria possível sem ela”, destacou. O cantor ainda aconselhou os jovens presentes no evento. “A coisa mais importante é uma frase de amigo: crie um ambiente onde a sua vitória seja inevitável. Não podemos nos distrair disso”, assegurou.
Educação de qualidade
A atual presidente da CUFA, Kalyne Lima, detalhou como os projetos sociais fazem a diferença na educação do Brasil. “No país temos cerca de 5 mil favelas, onde moram 18 milhões de brasileiros. Essa população tem as condições mais adversas e, mesmo assim, consegue criar alternativas pautadas na coletividade daquele lugar. Vamos deixar que o Brasil seja diverso, mas único no objetivo de se transformar numa nação com educação de qualidade”, ressaltou. “Instituições como o Sebrae são fundamentais. Podemos ter ascensão se a gente focar e tivermos oportunidade. Para isso, é necessário ter um plano e a educação deve estar inserida nele“, acrescentou Kalyne.
A celebração ainda teve a participação de quem foi impactado diretamente pelo PNEE. Rosangela Oliveira, do Guará (DF), compartilhou a experiência de passar pelo programa e de ter cursado as aulas junto ao filho adolescente. “Na minha turma, eu era a mais velha e impulsionava todos a ficarem e a persistirem. O tempo é precioso. O estudo é tudo. O que aprendi do Sebrae me ajuda muito na minha empresa e hoje levo para outras pessoas”, contou, emocionada.
PNNE
Criado em 2013 pelo Sebrae, o Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE) já alcançou 97% dos municípios brasileiros, com 13,5 milhões de atendimentos a alunos e mais de 1 milhão de professores assistidos, com ações que oferecem formação e capacitação, com ferramentas e metodologias pedagógicas específicas. Depois da aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Empreendedora ganhou força no ensino brasileiro, uma vez que o desenvolvimento de competências empreendedoras está alinhado às novas diretrizes da Educação no país, sendo conteúdo transversal no documento.