Celebrando a representatividade nordestina e força do trap como um dos grandes e mais consumidos gêneros do país, Matuê se apresentou neste domingo (03) no palco The One, no The Town. Sob o tema “Matuê convida o Nordeste”, um dos maiores rappers do país proporcionou uma experiência cinematográfica ao levar o público à uma imersão para conhecer o Nordeste pelo seu ponto de vista, promovendo uma jornada emocionante.
Para isso, Matuê escolheu sua avó, Núbia Brasileiro, que faleceu há dezesseis anos, para ser inspiração e sua convidada especial no show. Ela foi professora, poeta e uma forte mulher que criou Matuê e lhe ensinou sobre arte, música, cultura nordestina e o fez entender a importância de sua origem. A apresentação foi uma homenagem a ela, relembrando textos, poemas, áudios e imagens de sua figura. Por meio da tecnologia, com recurso de inteligência artificial, o artista mostrou conselhos dela, ouvidos em forma de poemas e imagens, que falavam da arte nordestina como forma de expressão e a importância em valorizar essas raízes.
“Eu busco representar um grupo de pessoas que nunca teve uma representatividade forte, na maneira de falar, escrever, na lírica. Então é uma parada que eu faço com muito prazer, pelo carinho que tenho por onde eu vim. E a minha avó foi a pessoa que sempre tentou me passar isso, a importância de entender a sua origem e o compromisso com o seu lugar. Ela é a minha maior referência artística”, afirma Matuê.
Dividido em blocos, Matuê cantou com sua banda músicas do começo de sua história, além dos grandes sucessos. Ele também levou para o público presente, através da cenografia de palco e suas roupas, o conceito visual dos climas, paisagens e sensações que o Nordeste tem. Mais do que os sons e tradições já conhecidas e cristalizadas na cultura da região, o cantor traz novos aspectos à tona, fala do futuro, das fronteiras que o trap nordestino vem quebrando todos os dias e sua força hoje a nível nacional.
Ele também trouxe Belchior para o palco, através de um vídeo, em uma entrevista concedida para a TV Cultura em 1983. Na ocasião, o cantor e poeta falou sobre a desvalorização e o preconceito com artistas do Nordeste. Fala da arte que fazia, que fugia às tradições da época e que isso era importante e necessário. Conectando o passado com o presente, Matuê também é um artista assim, disruptivo, que hoje traz a modernidade na música nordestina e junto com sua gravadora e selo 30PRAUM, e o trabalho com a empresária Clara Mendes, cuida das carreiras de Teto e Wiu, mostrando que a região é um verdadeiro celeiro de grandes talentos, formando uma escola de grandes nomes para a música no mundo.
Teto e WIU, inclusive, também estão presentes na estreia do The Town. O feito marca um grande momento para a label, que possui como objetivo maior reconhecimento dos artistas e do rap nordestino. Foi um momento de grande visibilidade e representatividade para a 30 mostrar a força de seu trabalho e marcar a estreia dos dois cantores em festivais deste porte.
“É muito importante pra mim ter o Teto e o Wiu neste festival também. A gente, aqui na 30, trabalha muito pra que o rap nordestino seja reconhecido no mundo todo e eu vejo o The Town como uma enorme vitrine. Estamos aqui pra mostrar o que a 30PRAUM é capaz de fazer em shows. A gente sempre desenvolveu grandes espetáculos ao vivo, em conceito e cenografia. Nós alinhamos tudo de uma forma superinteressante, estamos totalmente imersos e hoje eu tô muito realizado junto dos meninos com três shows inesquecíveis no The Town, com certeza.”, finaliza o cearense.