terça-feira, dezembro 3, 2024

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“Entre o Pecado e o Capital”: Insan Diego revela bastidores de seu primeiro disco solo

Foi rimando punchlines desde a primeira década dos anos 2000 no grupo Atentado Napalm que o rapper goiano Insan Diego (também conhecido pelo antigo vulgo ‘Buneco’) ganhou destaque nacional no Rap. Mas seu aguardado primeiro disco solo, “Entre o Pecado e o Capital”, chega somente agora, no dia 20 de dezembro de 2024.

Quem já ouviu o disco completo foi ninguém menos que Black Alien. A oportunidade surgiu como uma troca de gentilezas, já que Insan Diego esteve entre os convidados que ouviram Abaixo de Zero: Hello Hell em 2019, antes do lançamento oficial. Que moral, hein!

ZonaSuburbana trocou uma ideia exclusiva com Insan Diego sobre essa nova atmosfera “Entre o Pecado e o Capital”. O rapper falou sobre a inspiração no grupo Consciência Humana para o nome do disco, as participações especiais decididas na reta final e sobre a produção totalmente realizada na cena underground paulistana. E o que terá dito o mestre Black Alien para Insan Diego ao ouvir o disco? (pra matar nossa curiosidade!)

“meu propósito com esse disco é que as pessoas escutem e passem a saber da minha existência”. (Insan Diego)

Leia a entrevista completa abaixo, com a repórter Mari Magalhães:

MARI MAGALHÃESDiego, fale mais sobre o nome do disco, de onde surgiu essa ideia?

INSAN DIEGO“Entre o Pecado E o Capital” só saiu muito tempo depois do disco estar completamente escrito e ter passado por diversos outros nomes que precederam esse. Porém, esse nome englobou vários aspectos que eu queria transmitir já direto no título. O primeiro aspecto que eu procurei foi uma expressão popular, que já fosse mesmo bastante conhecida pelas pessoas, então quando encontrei a expressão “Pecado Capital” foi perfeito pois as temáticas do disco transitam entre várias criticas, as nossas estruturas sociais que são mantidas por questões religiosas e econômicas que mantém uma estrutura exploradora da nossa população. Ai então reformulei a expressão para “Entre o Pecado e O Capital” que é exatamente onde sinto que estou, confrontado dogmas religiosos e falacias econômicas, mentiras que aprisionam a mente do nosso povo. Quando escolhi o nome, eu também busquei inspiração em muitos títulos de álbuns dos anos 90 que foi a minha escola dentro do RAP. E uma das referências que me ajudou a chegar nesse nome foi o clássico do grupo Consciência Humana que se chama “Entre a Adolecencia e o Crime”, de 1998.

MMEntre os feats., quem vai somar nesse disco?

IDQuando eu iniciei o processo criativo do disco eu já tinha em mente fazer um disco sem nenhuma participação. Ao final do processo criativo do álbum eu vi que poderia convidar algumas pessoas em específico para somar na qualidade musical do álbum e ao final eu acabei convidando dois artistas que foram o AfroRagga (do distrito federal) e a Meg Pedrozo (de São Paulo). Que fizeram uma contribuição grandiosa para executar algumas sonoridades que eu não ia conseguir levar sozinho. Então esses são os dois artistas que participaram do disco!

MMMas antes de mudar ideia, o que mais pesou na decisão inicial de não querer participações?

IDQueria fazer um trabalho totalmente original e autêntico. Um dos motivos para tomar essa decisão foi que passei muito tempo dentro de um grupo que foi o Atentado Napalm e lá mesmo tendo toda liberdade criativa que eu queria eu tinha que dividir o espaço com os outros artistas do grupo. Agora eu queria explorar ao máximo o tempo que eu tinha pra criar a minha identidade. Ainda dentro do Atentado Napalm, eu tive a oportunidade de fazer participação com vários artistas que eu admirava e que tinha vontade de trabalhar junto. Mas também foram tantas participações que eu estava me sentindo um pouco saturado. Muitas vezes as pessoas dão uma atenção só por conta da participação, e isso gera um sentimento de frustração. As participações são importantes de um ponto de vista mercadológico, faz com que sua música alcance mais pessoas atraídas pelas pessoas que vão participar, porém elas podem desvirtuar a atenção do público para a construção do seu trabalho. E o meu propósito com esse disco é que as pessoas escutem e passem a saber da minha existência.

MMO que podemos destacar da produção do disco e quem cuidou de tudo?

IDO disco foi todo produzido pelo Vibox Beats, que é um artista paulista muito talentoso, multi instrumentista, e com uma bagagem musical muito grande. Ele começou no hip hop fazendo beat box nas batalhas, e depois começou a produzir beats. Como aprendeu a tocar diversos instrumentos desde muito cedo pois a música sempre esteve presente na sua família, ele começou a utilizar esse conhecimento na produção dos beats de rap, o que permitiu a ele dar uma identidade única para os seus trabalhos. O trabalho dele que eu ouvi e que me fez querer produzir o meu disco com ele é o álbum do grupo de Rap do ABC paulista – MR13, o disco se chama Nada Mais de Antes” (2019), um disco atemporal, eu recomendo. Já a mixagem e masterização eu fiz com o Prezola, produtor da zona leste de SP, que vem crescendo no cenário nacional mixando e masterizando para vários artistas de renome como Mano Fler, Pateta Codigo 43 Gigante no Mic, entre outros. O Prezola é muito criativo e está conseguindo entregar uma sonoridade de alta qualidade. Também é um grande artista e músico de alta qualidade.

MMQuais assuntos, Entre o Pecado e o Capital, vamos ouvir deste rimador INSANo?

ID Os temas estão girando entorno de temas como Religião e como a nossa estrutura econômica perpetuam sobre as nossas relações sociais. Nosso país está atravessando um momento histórico jamais visto de polarização política e de influência religiosa sobre a tomada de decisão e o controle das massas. Os temas que eu abordei vão de confronto a dogmas religiosos e a ideologia burguesa neo liberal que perpetua um discurso fraudulento, meritocrata, que incita as pessoas a acreditarem que o seu sucesso ou o seu fracasso são de responsabilidades únicas e exclusivamente suas, sendo isso uma falácia, já que os seres humanos só sobrevivem por meio da organização coletiva. O que torna uma hipocrisia discursos que apelam para a sua independência econômica, sem levar em consideração a nossa estrutura social, politica, racial e de gênero, que são ferramentas usadas pela classe dominante para manter o povo na exploração do trabalho e da mão de obra. Eu também busco refletir sobre quais os caminhos que podemos trilhar para nos livrar dessa exploração e como identificá-la através das várias camadas da alienação propagada pela mídia, pela igreja e outros meios de comunicação ideológicos que doutrinam a população.

MMVocê publicou há um tempo que o rapper Black Alien ouviu seu disco já, inclusive ele elogiou sua lírica. Mas como foi esse encontro, como ele reagiu ao ouvir o disco?

IDFoi totalmente inesperado ter recebido este convite pra estar lá fazendo audição do disco junto com ele. Aconteceu da seguinte forma. (…)

…CONTINUA.

Em breve, matéria completa sobre como foi este encontro entre os rappers, e as sugestões de Black Alien que influenciou totalmente no resultado final do disco.

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