Vato Loko Mc adota novo nome artístico de Vato do Madala e lança single “VALE”.
Confira nossa entrevista com o rapper, produtor musical e cultural, agora conhecido como Vato do Madala (instagram/vatodomadala).
ZS: Por que a decisão de mudar de Vato Loko MC para Vato do Madala? Há um significado especial por trás desse novo nome?
A decisão de adotar o nome artístico Vato do Madala vai além de uma simples mudança de identidade. Ela reflete meu profundo vínculo com as raízes culturais do Parque Santa Madalena, minha vizinhança. “Madala” não é apenas uma expressão moderna para nosso bairro; é um termo que carrega consigo histórias, identidade e um senso de pertencimento.
Essa mudança representa minha dedicação em honrar e compartilhar a rica herança cultural da comunidade que me moldou como artista e indivíduo. Espero que ressoe de maneira especial com quem curtiu ou venha curtir meu som, estabelecendo uma conexão mais profunda entre minha música e a essência do lugar que chamo de lar. Algumas pessoas foram essenciais para a tomada de decisão.
Entre amigos musicais e pessoais, destaco meu Pai, minha subgerente Lourdes, a assistente dela Gri e o antigo assistente dela Luis, atualmente também cito a Thigresa. Acredito que me mostraram uma outra visão de vida, talvez sem perceberem (risos).
ZS: Pode compartilhar um pouco sobre o conceito e a inspiração por trás da sua nova música solo? Quais são as principais diferenças entre este projeto e seus trabalhos anteriores?
Estou explorando temas mais pessoais e experimentando com diferentes estilos musicais. Este single é um reflexo mais maduro e ousado da minha arte.
A música “VALE” é uma mistura única de batidas contagiantes e letra simples, porém significativa. O lyric video é uma forma de compartilhar visualmente a narrativa por trás da música, oferecendo uma experiência mais imersiva.
O interessante é que fiz tudo totalmente no celular, desde a produção, gravação, mixagem e masterização, utilizando aplicativos atuais. Testei o futuro e vi que agiliza alguns processos.
Sou um rapper que, em meados de 2002, rimava com muito amor, sampleando no mixer do meu primeiro padrinho na música, o Dj Dico. Ele tinha um mixer com uma memória de 8 segundos, se não me engano. Esse tempo eu e o irmão dele, o Eloi, tínhamos para deixar um loop do sampler rolando e cantar naquele beat. Do mixer, migrei para os softwares e agora estou testando os apps. Sempre me atualizei no mundo da música, e não seria diferente na era atual.
Os trabalhos anteriores eu resumo como um ciclo interminável na minha trajetória na música. Por mais que o tempo passe, sempre tem uma música em destaque. “Para não passar batido e nem despercebido” e “O Tempo Nunca Está Perdido” são EPs que têm músicas que canto em todas as apresentações do grupo Paralelos. Inclusive, algumas surpreenderam com o engajamento nas plataformas digitais.
ZS: Como equilibra seus papéis como rapper e produtor musical com seu trabalho como produtor cultural?
Equilibrar meu papel na música, produção cultural e meu filho Martin é desafiador, mas também gratificante. Gosto de contar histórias reais ou enviar mensagens através das letras e batidas, mas a produção cultural permite realizar outros sonhos e isso se torna um ambiente perfeito para essas histórias se desdobrarem. Entre apresentações dos ateliês e saídas pedagógicas, estou em um ambiente rico de pessoas incríveis.
O Catavento vem desenvolvendo um trabalho importante na formação dos jovens, onde as Fábricas de Cultura estão localizadas, e agora podendo colaborar na área administrativa de uma das Fábricas, demonstro com muito respeito minha gratidão a todos sem exceção. Estar ali pra mim é a realização de um sonho.
A produção musical é intuitiva. Costumo começar com uma ideia ou emoção. Gosto de experimentar com diferentes instrumentos e sons para criar algo único e memorável, seja sampleando músicas nacionais ou internacionais, ou criando arranjos únicos. Vejo meu papel na comunidade como um agente de mudança positiva. E olha que ainda consigo estar junto com meu filho Martin nesse equilibrio (risos).
ZS: Qual é a importância do trabalho desenvolvido na área de formação cultural para o desenvolvimento social e artístico dos participantes?
A formação cultural vai além do aprendizado técnico; ela é um catalisador para o desenvolvimento social e artístico. Ao participar dos programas das Fábricas de Cultura, os aprendizes não apenas adquirem habilidades culturais, mas também desenvolvem confiança, criatividade e um senso de pertencimento, contribuindo para uma comunidade mais vibrante e unida.
Vejo que a formação cultural da Fábrica de Cultura Sapopemba desempenha um papel crucial na comunidade, proporcionando oportunidades educacionais e artísticas. Ao oferecer cursos, workshops e eventos culturais, estamos capacitando os membros da comunidade a expressarem suas identidades e talentos, contribuindo para um ambiente mais rico culturalmente. Deixo meu abraço a todos amigos e amigas de todas areas das Fabricas de Cultura (articulação: Douglas, Wesley, Paulo, Mariana, Emily, Gui e Ruan e pessoal das outras areas Matheus, Adilson, Gabriel, Rose, Luiz, Lukão, Daiane, Mirela, Bela, sr José e sr Mario, Tia Gil, Tia Lilia, Tia Sandrinha e os amigos de Formação Cleide, Ana Bea, Rod, Natalia, Natasha, Jhonny, Dimy, os educadores são incriveis e alguns são meus professores quando conversamos Emerson Piqueno, Mestre Julião da Capoeira, Solange, Mary Percussão, Claudião, Paolo, Leo, Dari, Dani do Street, Rafael Cab Percussão, todos do musicando e Rafael Vicole, os demais também porém esses numa simples conversa me ensinam muito).
ZS: Considerando o histórico do Paralelos e a iminência de novos projetos, como o grupo visualiza o papel da música na construção de uma comunidade mais vibrante e culturalmente rica? Há planos para futuros lançamentos ou colaborações que contribuirão para essa visão?
Atualmente, estamos imersos em projetos empolgantes para fortalecer nossa conexão com a comunidade. Olhando para o futuro, exploramos novas sonoridades e colaborações. Embora ainda não possamos revelar detalhes específicos, fiquem atentos, pois temos planos emocionantes pela frente.
O processo de criação da música “Karanga Suprema” foi verdadeiramente inspirador. A produção musical excepcional de Dj Beto Premier adicionou uma camada única à nossa expressão artística. Além disso, estamos orgulhosos de anunciar que o clipe está sendo cuidadosamente elaborado pela talentosa equipe da MP Produções, com a edição minuciosa sendo realizada pelo habilidoso Kaerre. Essa colaboração promete não apenas uma experiência musical excepcional, mas também uma narrativa visual cativante.
ZS: Como surgiu a ideia de disponibilizar suas instrumentais/Beats nos sites BeatPlace e AirBit?
A BeatPlace, uma sugestão do Allisson, amigo da área de tecnologia, e o AirBit, que conheci recentemente, são vistos por mim como uma oportunidade incrível para compartilhar as batidas com artistas de todo o mundo. No entanto, posso dizer que essa disponibilização nos sites ainda é um experimento devido às demandas presenciais com as produções e outras demandas musicais.
ZS: Quais foram os principais desafios ao longo de sua carreira e como os superou? Existe uma realização específica que você considera um marco importante em sua trajetória?
O maior desafio foi uma fase em que tive que resistir e persistir sem praticamente existir. Houve um momento em que me senti pouco notado na área artística, e foi ali que percebi a minha força. Aproveitei para evoluir e criar mais.
Quando os trabalhos foram lançados, percebi a importância daquele momento. Hoje, as músicas estão no ar cheias de participações de amigos que deixaram sua marca vocal em meus EPs.
Destaco a oportunidade de concluir e disponibilizar as músicas, além das pessoas que foram essenciais nessa trajetória, como Eloi, Roger Dog, Panther, Carla, Jay, Ticão, Kampana, Káerre, Mary, Nefasto, Liad Beats, Danilo DNL, o grupo Monarckas, Subzero, todos da Posse Invasom Ziul, Thati, Pow Literarua, Fabiano, Resiliência Expressiva, Nato do Gueto, Stephanie Felicio, Icaro e Bruno Cavaquinho.
Cito ainda o Herança em Preto e Branco, evento no Jamals Bar com Erick Jay e nosso querido RAS Menor, o Cleber da Casa Bandeirão Regueiro, a rapaziada do Doctor Mcs, Deejay Smookey Dee e a participação do Xis na música “Festa na Favela”.
O grupo Paralelos é, sem dúvida, o maior marco em minha trajetória, mas prefiro destacar em outro momento pois o Dj Beto Premier, a Mary e o Kaérre tão nessa criando novidades, tem até clipe vindo ai. Na produção cultural, destaco dois eventos: o Madala Kids em 2018 e 2019, ao lado do Dj Diogo e os Paralelos, e a organização do evento Afropemba em 2021 na escola de Samba Combinados de Sapopemba. Desde então, meu foco tem sido na Fábrica de Cultura, onde colaboro com amor, carinho e muita responsabilidade.
ZS: Quais são suas metas e planos para o futuro na música?
Minhas metas incluem continuar evoluindo como artista, explorar novas colaborações e levar os projetos a novos públicos.
ZS: Considerando sua trajetória única, como você espera que sua música e seu trabalho na produção cultural contribuam para o enriquecimento artístico e social da comunidade do Parque Santa Madalena nos próximos anos?
Minha música busca transmitir mensagens de empoderamento, resiliência e união. Quero ser uma voz que inspira e conecta as pessoas através da arte. Minha esperança é ser um espelho das experiências e da diversidade das quebradas, inspirando e conectando as pessoas de maneiras significativas.
Na produção cultural, busco criar oportunidades para que outros expressem suas vozes e talentos, fortalecendo o tecido social. Nos próximos anos, quero continuar colaborando ativamente na construção de uma comunidade mais vibrante e culturalmente rica. Meu objetivo é que a música e a produção cultural sejam catalisadores de positividade, empoderamento e união para todos que fazem parte dessa comunidade especial.
Agradeço a Deus e à minha família sempre. Cada vez que aparece uma entrevista ou live, cito nomes e lugares, e nessa eles estão aqui, assim como em outros tópicos que aproveitei para citar minha gratidão por todos. Se alguém achar que deveria estar citado aqui e não está, peço desculpas, pois são muitos nomes, e agradeço a todos vocês sempre.
Assista ao lyric video da música “VALE”.