A cultura hip hop e o esporte sempre tiveram forte conexão, influenciando um ao outro no estilo, nas manifestações artísticas, na representação de ídolos e na fonte de inspiração, seja para compor uma rima ou para servir de estímulo na prática esportiva. Entre os diferentes gêneros musicais, o rap – assim como o funk em alguns aspectos – traduz as batalhas da vida, os sonhos e ambições, a rivalidade, a paixão e as disputas dentro e fora dos gramados ou das quadras.
Uma fusão que já rendeu bons resultados sonoros mundo afora e no Brasil. Nos beats, jogadas que ganham histórias. Se nunca parou para prestar atenção nisso, vai mergulhar em um universo para todos os estilos, disponível nas plataformas de streaming e ainda com possibilidade de compartilhar os versos que mais agradam.
Para além do consagrado futebol, outros esportes – ou o sentimento e experiência proporcionados por eles – também inspiram expressões artísticas e estão na cabeça de compositores, cantores, rappers, entre outros. É o caso do basquete, beisebol, dança, skate e poker. A playlist de um esportista ou fã pode ser variada, dependendo do estilo e do momento.
Vamos começar pela paixão nacional: “País do Futebol”, de MC Guimê com participação de Emicida, foi lançada em 2013, antes da Copa do Mundo do Brasil de 2014. O jogador Neymar é citado na letra e está no videoclipe oficial, que também retrata a realidade de jovens brasileiros. O clipe, que também apresenta depoimentos, foi produzido em parceria com o filme documentário “Pelada, futebol na favela”.
Ainda no embalo da Copa do Mundo de 2014, Guind’art 121 estreou o clipe de “Jogador de Futebol”, som cativante que fala do sonho de milhares ao redor do mundo em se tornar um profissional. Em 2019, em homenagem à seleção brasileira feminina, foi lançada a música “Vem Jogar”, com letra de Dani Zan e Janine Mathias e interpretação das artistas Olívia, Carine Luup, Janine Mathias e Raissa Fayet, incentivando a presença feminina no esporte.
Recentemente aconteceu a gravação do videoclipe da música “Conjunto do Mengão”, de Mc Dukenny, tendo a comunidade da Rocinha como um dos cenários. A produção ainda contou com participação especial de Arrascaeta, craque do Flamengo.
Já no rap internacional, o futebol americano atrai alguns artistas. Depois de uma série de confusões e polêmicas, para recomeçar novamente, Lil Wayne participou com Wale da faixa “Running Back”. Com uma batida mais eletrônica, os rappers falam sobre esse esporte como uma de suas paixões.
Quando o assunto é basquete, especialmente relacionado à NBA, há uma infinidade de músicas inspiradas. Esse esporte é muito popular nas canções, desde as mais antigas até as mais recentes, tendo inúmeras composições associadas a ídolos e times. Rihanna, no sucesso “Bitch Better Have My Money”, deixar rolar sua afinidade com o esporte e admiração por LeBron James, por exemplo.
Os rappers são os que mais tratam de lendas da NBA e o basquete como fonte de inspiração. Só para citar alguns exemplos, podemos listar “a lot”, 21 Savage (ft. J. Cole); “The Whole World”, OutKast (ft. Killer Mike); “The Heart Part 4”, Kendrick Lamar; “Freaks and Geeks”, Childish Gambino; “Russell Westbrook On A Farm”, Lil Dicky; “6 Rings”, Bad Bunny; “Mo Bamba”, Sheck Wes; “White Iverson”, Post Malone.
Cena que já se tornou bastante comum é ver artistas assistindo aos jogos e desenvolvendo uma verdadeira relação com o basquete, indo além da fonte de inspiração para as músicas. Um exemplo é o rapper Drake, que foi presença marcante nos campeonatos do time da sua cidade canadense. E Jay-Z, que investiu no seu time de vizinhança e também criou uma empresa para gerenciar carreira de jogadores.
Habilidades de ser um vencedor também envolvem o rap e o poker, como por exemplo na música “Jingling Baby”, de LL Cool. Como fonte para se inspirar, o inverso também acontece, com o hip hop na playlist de grandes jogadores de poker na rotina do dia a dia, além dos momentos em jogos e também enquanto está rolando um torneio.
Outra conexão forte ganha vida nas letras quando o próprio artista pratica o esporte, como no caso do cantor Chorão, da banda Charlie Brown Jr., e sua relação com o skate. Entre as composições, vale destacar “Di-sk8 Eu Vou”. A canção é praticamente toda com referências e com um trecho só consegue talvez resumir a tão estreita relação entre as rimas e o esporte: “Skate é minha cara, música é minha vida”.