O clássico Romeu e Julieta, do dramaturgo e poeta inglês, William Shakespeare (1564-1616), poderá ser ouvido em uma atualíssima versão brasileira por meio da música “A Cor dos Anjos”, lançada neste mês pelo grupo Face da Morte.
Os músicos Aliado G e Mano Ed voltaram a gravar e retomaram a carreira do Face da Morte 13 anos depois do último disco, lançado em 2007. No clássico literário, o eterno casal se suicida no final da história. Na nova música do FDM, só “Julieta” é morta. Motivação: sua cor preta e sua condição social. Temas muito em pauta no Brasil e no Mundo nos dias atuais.
No ano em que completa 25 anos, o grupo Face da Morte, que nasceu em Hortolândia, cidade periférica da metrópole Campinas, interior de São Paulo, traz o tema do preconceito social e racial, numa composição recheada de novidades em sua produção, mas com uma das características que marcam a essência do grupo: a crítica social, narrada como um roteiro de cinema.
A música, cuja introdução traz um violão que remete ao cancioneiro romântico francês, também destaca, no refrão, um arranjo muito popular dos grupos vocais da MPB e se diferencia do conjunto da obra do FDM. Na tentativa de imprimir “uma nova sonoridade”, o grupo utilizou recursos de uma banda para concluí-la em estúdio, porém com recursos de samplers. “É um híbrido, entre um acústico, que é orgânico, e uma produção de RAP tradicional. Mais do que nunca, é uma busca do nosso passo mais musical”, explica Aliado G.
O grupo mantém a tradição de citar trechos de obras de artistas da MPB e da cultura popular como fez em outras obras. “A Cor dos Anjos” traz uma homenagem ao cantor e compositor carioca Arlindo Cruz, com a citação do samba “O show tem que continuar”. A letra ainda cita o Poeta da Periferia, Sergio Vaz.