Após 3 lançamentos na segunda etapa de 2023, em que mistura rap, lofi e R&B para falar de amor num contexto periférico, o paulistano Felipe Parra lança a inédita “Guarda Alta”, no dia 18/01, completando seu EP “Janela Laranja”, que chega nas plataformas pelo selo Matinê Discos.
Felipe Parra traz da periferia dos anos 90 as principais referências que o moldaram como indivíduo. Após sua estreia com uma série de singles e um EP lançados em 2021, Felipe apresentou ao público, em 2022, seu disco “Estrela”, num mergulho pessoal e dançante, mesclando influências de indie pop, hip hop e música brasileira. Desde a repercussão de seu debute, ele uniu forças com artistas que partilham de trajetórias e vivências parecidas, para formar o EP “Janela Laranja”.
Com um método de composição que envolve privacidade e solidão, seu novo trabalho nasce de um desafio bem particular: compor totalmente em estúdio junto de outras pessoas. Fruto de uma imersão no estúdio de Patricio Sid (Yago Opróprio, Jean Tassy) em Itajaí/SC e com co-produção de Pedro Vituri, Felipe precisava compor em cima dos instrumentais que iam nascendo na hora, com a missão de construir um trabalho único, fruto daqueles momentos que passavam juntos. Como resultado nasceram:
Janela Laranja lançada em 13 de julho, a faixa-título do EP mescla beats e elementos eletrônicos com guitarras dedilhadas, em um R&B groovado. Felipe aparece cantando de maneira mais intimista, alcançando um lugar interno sensível em que confessa um amor improvável, depois de uma noite sem dormir;
Terça-feira “tem influência de movimentos culturais de rua periféricos, como Graffiti e o Slam, onde se fala de amor de um jeito diferente, não tão óbvio e pomposo, mas de uma forma muito entregue e declarada”, Felipe conta. Lançada em 29 de agosto, a canção tem participação de Uterço, figura lendária do Rap Nacional, que, além da carreira solo, fez parte do grupo Pentágono.
Para Mil Palavras Felipe convidou duas artistas que admira: a escritora e poeta Mel Duarte e a rapper Preta Ary, resultando numa parceria potente que dá vazão a reflexões sobre a saúde mental de moradores da periferia e os traumas de um passado que ainda se faz mais presente do que deveria. A música se destaca tanto pela melodia quanto pela mensagem, aliando a produção afiada de beats e guitarras com a reflexão contundente proposta pelo trio.
Guarda Alta é a cereja do bolo. Finalizando o EP, ela chega com a força de um discurso sincero contra a ignorância do privilégio social. “A letra é uma espécie de pensamento em voz alta sobre assuntos que povoam a minha cabeça. Uma reflexão sobre quem se é e o que se acredita. Mantendo a guarda alta pra lutar sobre os valores que são importantes e afastando quem não merece estar por perto”.
O EP “Janela Laranja” é marcado pela produção afiada e intimista, trazendo beats que alinham jazz e R&B com melodias delicadas, recuando na intensidade para dar espaço ao discurso de Felipe, que alcança seu ápice como compositor abordando com carinho o que lhe apaixona e com dureza o que sempre precisou lutar contra. No Brasil que dá pouco ou nenhum espaço para artistas independentes – ainda mais os de origem periférica – a união e a parceria de tantos artistas para erguer uma obra genuína e sincera como essa é uma grande conquista.