quarta-feira, outubro 23, 2024

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Frostty Beats une o cinema e o jazz japonês em disco instrumental “Ego Overdose”

A música brasileira foi edificada em cima de grandes vozes, mas, além disso, por quem faz essas vozes se encaixarem tão bem no som: os produtores e beatmakers. Frostty Beats é um beatmaker e produtor, além de ser multi-instrumentista. Jovem nascido e criado na capital paulista, sempre caminhou ao lado da arte de fazer os sons acontecerem e compreendeu a importância do produtor musical na construção de obras que podem se tornar atemporais. Apresentando sua obra instrumental “Ego Overdose”, Frostty narra, através dos beats, o nascimento e a morte do ego, abordando sentimentos como insegurança e falta de confiança.

Ao longo das faixas, o ritmo se modifica – mais egoísta e autoconfiante – sendo perceptível na construção sonora que faz ao lado de instrumentos de sopro e referências clássicas do cinema, unindo com uma diversidade sonora inusitada. Ouça “Ego Overdose” nas plataformas digitais.

As doze faixas de “Ego Overdose” carregam elementos do cinema e da música. O conceito do álbum foi inspirado nos dilemas pessoais de Frostty Beats, que se encontraram com os de Sr. Okuyama, do filme A Face dos Outros, escrito e dirigido por Kobo Abe. O filme conta a história de um homem que perde sua fisionomia em um acidente químico e, após o ocorrido, começa um diálogo consigo mesmo sobre os conflitos de viver em sociedade. Como diz o filme: “Basicamente, não há nada de novo no comportamento dos monstros, pois o próprio monstro nada mais é do que uma invenção de suas vítimas.” 

Podemos sentir o drama e a insegurança sobre o que resta da vida nas primeiras faixas do disco, começando com “Ego Ascension”, com destaque para o saxofone de Beto Braga; em seguida, “Mr. Okuyama Syndrome”, “Real Facts”, “Coffee Break”, “Aesthetic Noir”, “Anxious pt 2” e “Sukuboz”, que traz uma reflexão crua do produtor: “Eu sou bom em tudo o que faço, e mesmo que isso seja uma mentira para você, eu me sinto grande. Quem sentirá isso, se não eu? Minha família? Seus amigos? Eu acho que ninguém.” 

Em seguida, “Stoppa’s Interlude”, “Magdala”, “Memento Mori”, “Door 56” e, por fim, “Colonel Eli’s Victim”. O conceito é ampliado pelas referências dos longas-metragens Vanilla Sky, Laranja Mecânica e De Olhos Bem Fechados, tudo pensado para que o ouvinte se sinta em uma experiência quase cinematográfica. Afinal, o que pode criar mais possibilidades do que o som e a imaginação unidos?

“‘Coffee Break’ e ‘Stoppa’s Interlude’ são praticamente os momentos comerciais do projeto. Indo para a inspiração no mundo da música, eu naveguei muito no universo do jazz japonês para a estruturação, trazendo trechos de artistas como Norio Maeda. Tenho estudado muito sobre o Japão como um todo, e 80% do álbum é inspirado em artistas japoneses, que fiz questão de combinar com as minhas referências do Ocidente, como Vince Staples, MF Doom e Tyler, the Creator”, complementa Frostty.

Como beatmaker, Frostty está na trajetória há 4 anos e sempre priorizou a qualidade dos instrumentais em seus projetos, englobando o gênero lo-fi hip-hop. Já esteve à frente de projetos de trap e R&B, mas sentiu que não era esse o seu propósito na música. “De alguma forma, eu sempre quis entregar algo ao mundo. Quando eu era criança, gostava de imaginar como seria criar algo grande, apresentá-lo e ver as pessoas pensando sobre isso como algo construtivo para a imaginação delas. O meu propósito desde pequeno é tentar fazer do mundo um lugar melhor pela arte. Entendo que um álbum instrumental é apenas o veículo para isso”, discorre o beatmaker. “Ego Overdose” é uma viagem através do que a música e a mente podem fazer juntas, combinando elementos com o propósito de quebrar parte do paradigma da estrutura de projetos instrumentais, sendo mais do que melodias lapidadas e sim histórias, sensações e identificação. No final, esse contraste é a essência do álbum: o mix de sentimentos e pensamentos de um artista em ascensão.

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