No dia 9 de Julho, um domingo marcante, dezenas de mulheres da cena artística urbana se uniram na Avenida Paulista, em frente ao Itaú Cultural, para expressar seu protesto contra o apagamento sistemático das mulheres na exposição, cujo curador é Binho Ribeiro. A presença dessas mulheres foi marcada por cartazes impactantes, intervenções artísticas realizadas dentro das áreas livres da própria exposição e a distribuição e leitura coletiva do manifesto intitulado “Não é só tinta”.
Esse movimento em prol da equidade de gênero, raça e classe na arte urbana teve início nas lives no Instagram da artista visual Carolina Itzá e ganhou ainda mais força no perfil da graffiteira Crica. Desde então, mulheres de diversos coletivos têm se organizado de forma articulada para denunciar sua profunda insatisfação em relação ao apagamento institucional que as mulheres enfrentam nos movimentos de arte urbana.
“Vinte anos depois, viver esse ato das mulheres do graffiti contra as instituições que financiam nossa exclusão é revolucionário. O Manifesto Não é Só Tinta, o pixo e os cartazes são marcadores no muro da história da graffiti. Nosso objetivo é coletivo, não queremos erguer uma, lutamos para erguer as que foram, as que estão e as que virão! Dia 9 de julho foi o dia do Manifesto, o dia em que nós escrevemos nossa própria história, o dia das Graffiteiras Br!”, diz Ana Clara, fundadora do Graffiteiras BR, que já discute essa pauta em uma rede nacional de artistas urbanas desde 2003, ao criticar a forma que mulheres eram representadas na revista Graffiti, editada também, pelo curador da exposição, Binho Ribeiro.
A ação foi organizada pelo coletivo Graffiteiras BR, e é um chamado para ação e mudança, uma oportunidade para a sociedade refletir sobre a importância de reconhecer e valorizar o talento e a contribuição das mulheres artistas urbanas, na construção e manutenção da arte de rua. É uma chance de pôr em pauta as desigualdades e construir um cenário de equidade no mundo da arte.