Nazista, racista, machista, homofóbico, fascista… Nunca na história do Brasil tantos adjetivos foram utilizados para representar um só candidato ao mais alto cargo do poder executivo do país: Jair Bolsonaro (PSL). A apenas quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais, o selo capixaba Setor Proibido lança a faixa, acompanhada de clipe, “Primavera Fascista”, que busca rebater falas preconceituosas do militar e se posicionar mediante o atual cenário político brasileiro.
Com mais de nove minutos de duração, a cypher, formato comum ao rap, que busca servir de vitrine para MC’s exporem suas ideias, reúne sete artistas da velha e da nova geração do rap capixaba: Bocaum, Leoni, Adikto, Axant, Mary Jane (Melanina MC’s), VK Mac e Dudu. Gravado em uma escola de Vitória, o videoclipe conta com direção de Vinicius Garcia e direção artística de Ivan Mendes, que buscaram dar o clima de protesto e tensão que a cypher pedia.
Em cima de um instrumental produzido pelo beatmaker Tibery e com produção de Felipe Artioli, os sete MC’s versam respondendo a falas como “Só vai mudar, infelizmente no dia em que nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro e fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil, começando pelo FHC. Não vamos deixar para fora não. Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem” e “Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.
“O rap sempre vai ter lado”: De acordo com o selo, a faixa surgiu como uma espécie de desabafo sobre o cenário político atual. “Nós do Setor Proibido temos a convicção que o rap é um movimento negro e de esquerda e que surgiu contra um sistema que massacra as minorias. Diante disso, nos juntamos com o intuito de mostrar a verdadeira face do candidato à presidência de extrema direita, e que quando se trata de opressão: o rap sempre vai ter lado [o dos oprimidos]”, apontam.
A motivação para a faixa também é clara na fala do Selo: é obrigação do rap se posicionar contra tudo aquilo que vá contra o segmento. Eles comentam que devido ao cenário atual, sentiram necessidade e a obrigação de mostrar um posicionamento contra o racismo, machismo, homofobia, xenofobia, etc, já expostos pelo candidato ao longo da carreira pública.
Nascido há apenas três meses, o selo Setor Proibido busca fomentar a cultura hip hop do estado a partir da produção de trabalhos com artistas locais, produções audiovisuais de qualidade e ainda a criação de eventos culturais e sociais, gerando uma movimentação e um fortalecimento contínuos da cena capixaba.