Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com base nos dados do Censo de 2010, afirma que haveria uma redução de 42,3% no número de homicídios se todos os adolescentes com mais de 15 anos tivessem concluído o ensino médio.
De acordo com matéria publicada em 2015, no Correio Braziliense, os homens com baixa escolaridade, entre zero e sete anos de estudo, possuem 15,7 vezes mais chances de serem vítimas de homicídio do que aqueles com nível de educação superior.
O estudo ainda traça o perfil racial da vítima de homicídios: “considerando a cor da pele, o estado de residência da vítima e a faixa de escolaridade, a probabilidade dos jovens sofrerem homicídio aos 18 anos é 31% maior do que aos 17 anos”.
Segundo Enid Rocha Andrade da Silva, técnica de planejamento e pesquisa do IPEA, “a educação e o trabalho são os meios de se romper o ciclo de pobreza e só por meio deles se pode avaliar a tendência ou não de um jovem incluir na sua trajetória a delinquência”.
Fatos constatados em 1998 pelo rapper Eduardo, na música “Brincando de Marionetes”, do Facção Central:
“Seu trampo, seu estudo brecam o cano do PM;
Pobre informado, engatilhando o raciocínio;
É embaçado qualquer país treme;
Quando a sirene do carro funerário tocar;
Entre as flores lá no caixão;
Quero ver o mano digno…não marionete, que morreu na mão da rota;
Apenas outro ladrão, aqui diz Facção, Facção…”
Confirmando o estudo do IPEA, pesquisa da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais – publicada no começo do mês de agosto – mostra que um jovem entre 20 e 29 anos com baixa escolaridade tem 6.500% mais risco de ser morto do que uma pessoa na mesma faixa etária com boa escolaridade.
O rap brasileiro combatente sempre apontou soluções, medidas a serem tomadas, também cobrou políticas públicas para os jovens negros e pobres. A ala mais politizada do hip hop nacional sabe bem qual o preço que é pago pela periferia nesse cotidiano violento.
Com as mudanças no mercado e a nova dinâmica econômica, alguns temas foram deixados de lado pelos artistas do rap, algo preocupante, pois a educação precária e alienante nunca saiu de moda, pois o extermínio dos nossos também não saiu.