Assim como o ritmo dançante jersey club está para as pistas de new jersey, na década de 90, BH tem uma dinâmica própria na cena musical e nas pistas de dança. Em seu novo álbum “Toda Noite”, o jovem rapper Abbot se inspira nas noites agitadas da capital mineira e traz referências fortes do jersey club, ritmo criado nos EUA, em uma mistura eletrizante com funk. O resultado é um álbum surpreendente que inaugura a nova fase da carreira do jovem artista e a criação de novo ritmo musical belo-horizontino que ele nomeia como “BH Club”. Trabalho chega a todas as plataformas de áudio nesta sexta-feira, 25.
Depois da sequência de lançamentos das faixas “Romance de Novela”, em julho, e “Toda Noite”, na última sexta-feira, o novo álbum de Abbot, que tem o mesmo nome da última faixa lançada, chega com uma pegada romântica e sensual, as nove faixas, introduzem o ritmo jersey club à cena musical brasileira.
O bom humor das letras e a batida do funk mineiro entram nesse combo genial sob a direção musical de FBC. A produção musical do trabalho assinada por Pepito e tem feats com “Padrim” (Renc Renc e Vem Joga o Popo Pra Mim), com a funkeira mineira Mc Morena (“Romance de Novela”) e com rapper mineira Breezy (No Beco). O trabalho promete apresentar o que BH tem de melhor: a vida noturna de amor, funk, balada, romance, sensualidade e dança. Por meio do estudo de novas referências, como também, a retomada das que são de berço, o amadurecimento musical do rapper é notório. Com o lançamento, Abbot, que se considera romântico, apresenta nas letras suas vivências, loucuras e amores nas noites de Belo Horizonte.
REFERÊNCIA DA CAPA DO ÁLBUM VEM DE BERÇO
As referências musicais apresentadas pelo pai enquanto Abbot ainda era criança já podem ser identificadas na identidade visual do álbum. A inspiração está na capa de Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix (1997), de Michael Jackson. E não por acaso, o rapper, que nasceu em 2001, quatro anos depois do lançamento do ídolo, apresenta uma estética elegante semelhante em seu novo trabalho. “Toda Noite”, seu primeiro álbum que nasce para atender a pista de dança, também tem em comum com Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix ser o primeiro de remixes de Michael Jackson. “Meu pai tem um bar lá no Cabana desde que sou criança. Meu pai ouvia muita música. Ele começou a me apresentar músicas de black, anos 80, anos 90 e 2000. Inclusive, deste álbum do Michael Jackson”, relembra. Na capa, assim como o ídolo, Abbot está de blazer vermelho congelado em um movimento de dança elegante sobre o piso quadriculado. Acrescentando corrente no pescoço e tênis e óculos, símbolos da cultura hip-hop, Abbot tem na postura e no sorriso sua marca pessoal: jovem debochado e divertido.
‘BH CLUB’ É O NOVO RITMO CRIADO EM BH POR ABBOT
Conhecido por sempre apresentar algo novo à cena, Abbot é a voz das músicas “Hylander”, “Visão de Futuro” e “Ando Negro”, que juntas somam mais de 500mil ouvintes mensais no Spotify. Abbot não exita em dizer que com o novo trabalho, nasce também um novo ritmo: o “BH Club”. Os indícios da nova fase estão nas recém-lançadas “Romance de Novela” e “Toda Noite”, nas músicas toda mineiridade com o deboche do funk e letra envolvente fácil de decorar. Apesar de ousado, o rapper não hesita em afirmar que a novidade representa um novo ritmo. Para Abbot, o álbum traz a música e a dança urbana da capital e também a sonoridade do Jersey Club – estilo musical criado em New Jersey na década de 90 com os DJ’s e produtores que queriam tocar remixes na pista. Ele ainda explica que BH é uma potência de artistas do funk e do rap como, FBC, MC Morena e Breezy que foram escolhidos para as parcerias.“‘BH Club’ é a batida do funk mineiro melódico, é cena do rap unidos às nossas pesquisas Jersey Club junto com Pepito, Bob Bastos e FBC”, afirma.
Além disso, ele reforça que BH é uma cidade da dança urbana reconhecida mundialmente pelo gingado dos grupos dos passinhos de dança que se encontram nas casas noturnas e também nos principais pontos turísticos da capital para embrazar. “Com essa mistura de ritmos e a alegria mineira das ruas, a gente criou um álbum que encontra esta paixão pela dança. A ideia é de embrazar até amanhecer!”. Nas letras é possível sentir o tom pessoal das vivências do jovem que frequenta baladas como as da Casa Sapucaí.
Abbot, que compôs todas as faixas, usa muitas delas para falar de seus próprios relacionamentos e vivências nas baladas comuns a jovens de sua idade. Abbot conta que no processo de criação, sair com amigos para sentir a cidade e se inspirar nas festas, nas pessoas e pelo que é produzido tanto nas pistas de dança, quanto na música. “Eu escrevia aquilo que acontecia. Eu saía e o que acontecia, no outro dia eu transformava em música. São letras sobre as vivências que eu vivo”.
O sorriso debochado, a versatilidade da voz e o humor nas letras são as maiores marcas do jovem. Robert Cristian Cardoso foi quem escolheu seu nome artístico Abbot. Ainda adolescente, ele conta que enquanto sonhava com o sucesso, gravava e produzia seu próprio som. “Abbot vem do programa de beat que usava. Eu mesmo gravava e no software, sempre que eu finalizava um som, eu precisava clicar em ‘ABOUT’, daí veio meu nome”.
FBC faz escola no dance music e assina pela primeira vez a direção musical de um álbum
Em sua primeira experiência como diretor musical, FBC aposta no amadurecimento musical de Abbot. O diretor musical, que lançou no último mês seu quinto álbum “O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta”, tem com o afilhado quatro das 15 faixas do disco. As trocas com Abbot resultaram em “Antissocial”, “Não me ligue nunca mais”, “Cherry” e “A Noite no meu quarto”. Nas redes sociais, a repercussão da parceria de FBC e Abbot foi comentada como uma das maiores da cena atual do rap.
Com elogios e até mesmo memes, os ouvintes comemoraram o retorno de Abbot para cena depois de um longo período sem lançamentos. FBC relembra que contato para um novo álbum de Abbot veio pelo pedido para gravar em seu estúdio, que funciona na Casa Sapucaí. Por acreditar no jovem, exigiu que ele fizesse algo novo. “Eu acredito em você, não quero que você faça a mesma coisa. Pensa fora da caixa!” relembra o conselho. Abbot, que também tem feats no novo álbum de FBC, pegou o embalo muito influenciado pelas referências apresentadas pelo produtor musical Pepito. “Eu estou muito feliz em ter Padrim como diretor do meu álbum. depois de participar do álbum dele com quatro faixas. A gente tem uma parceria antiga. Ele é uma inspiração. Sou muito fechada, e ele me provoca para novas possibilidades da música que eu não conhecia. Em questão de soltar a minha voz, de descobrir outro caminho na música e não só fazer o que eu gostava, que era o Freestyle, batalha de rap. Descobri um novo caminho que é imenso”, comemora Abbott. Sobre o álbum completo, o diretor musical garante: “É melódico! O álbum tá redondinho. Você ouve de forma gostosa em looping”.