A inteligência artificial já transformou diversas indústrias e, agora, está moldando o futuro da música. Essa revolução foi tema do painel “Moises app: Inteligência Artificial Aplicada na Produção Musical”, realizado nesta quinta-feira (20), reunindo nomes de destaque no cenário musical e tecnológico. Com a mediação do produtor e compositor Felipe Vassão, o debate contou com a participação da artista, compositora e produtora Mahmundi, do Head of Mobile da Moises / Music AI, Bruno Maia, do produtor executivo da Moises, Rafael Lyra, e do produtor musical Adieu.
A discussão girou em torno do impacto da IA na criação musical, suas implicações éticas e como ela pode ser uma aliada para produtores e artistas. Segundo os especialistas, a tecnologia não substitui a criatividade humana, mas amplia as possibilidades de experimentação e facilita processos técnicos.
“A inteligência artificial não constrói sozinha, precisa de treinamento com obras já criadas”, explicou Bruno Maia, da Moises. “No caso da Moises, temos uma equipe de artistas e produtores que criam conteúdo autoral e exclusivo para treinar nossos modelos de inteligência artificial. Não infringimos direitos autorais de artistas ou de suas obras. Das 100 pessoas da equipe do Moises, aproximadamente 70 são músicos que criam e produzem para treinar e ampliar nossas ferramentas de IA”, destacou.
O debate também trouxe exemplos práticos de como a IA pode otimizar o trabalho dos artistas. Adieu compartilhou uma experiência concreta de aplicação da tecnologia no catálogo musical de Mahmundi. “A IA pode ser muito útil para tarefas como processamento de um catálogo. Estamos tendo a experiência de, através da IA, processar todo o catálogo de composições da Mahmundi e filtrar quais músicas têm tons e BPMs específicos. Isso ajuda muito quando pensamos em montar um álbum ou roteiro de um show”, pontuou o produtor.
O painel reforçou que, além de facilitar processos técnicos como separação de faixas e identificação de padrões musicais, a IA pode ser uma ferramenta de democratização da produção musical. Aplicativos como o Moises App permitem que qualquer pessoa tenha acesso a recursos antes restritos a grandes estúdios, como a extração de vocais e a remoção de instrumentos de uma faixa.
No entanto, a questão dos direitos autorais e a relação entre IA e criatividade humana foram pontos sensíveis da conversa. Os participantes ressaltaram que a tecnologia deve ser usada de forma ética, garantindo a valorização do trabalho dos artistas e o respeito às suas obras.
A SIM São Paulo 2025 encerra suas programação no Memorial da América Latina, no dia 20 de fevereiro, promovendo debates e reflexões sobre os desafios e oportunidades da música e da cultura no Brasil.
O evento tem o patrocínio do Instituto Cultural VALE, Rede (Itaú-Unibanco), cartão Elo e Heineken, além de vários parceiros, através da Lei de Incentivo Federal, Ministério da Cultura / Governo federal.