quinta-feira, novembro 21, 2024

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Lívia Cruz dispara contra o machismo e manda um recado: “Eu quero é mais”

A cena rap foi sacudida nesta segunda (06) com o novo single de Lívia Cruz, a cantora mandou o que chama de direito de resposta no rap “Eu Tava Lá”, que conta a sua trajetória no canto falado e tem na mira o rap “Quem Tava Lá?”, do Costa Gold em parceria com MC Marechal e Luccas Carlos, música que possui rimas machistas. Lívia Cruz concedeu entrevista ao ZonaSuburbana para falar do jogo do rap e a luta das mulheres contra a invisibilidade no hip hop.

ZS: Todos os blogs estão repercutindo seu single “Eu Tava Lá”. Acha que a questão principal, que é a invisibilidade feminina no rap, ainda não foi captada pelos veículos e pelos rappers?
Lívia Cruz: Por enquanto eu fiquei feliz com a repercursão, acho que a maioria entendeu o que eu quis dizer. Mas agora eu pontuei, né? Fiz um som de 5 minutos sozinha, só não entendeu quem não quis na real.

Mas vou além nessa ideia aí, não acho que não foi captado pelos blogs e rappers essa questão da invisibilidade, acho que rola mesmo é uma manutenção dela por parte dos caras. O que tenho percebido muitas vezes é que nem é por mal, é que é difícil mesmo sair do seu lugar de privilegiado pra se colocar em outra perspectiva.

ZS: Parece que o jogo do rap é assim: numa disputa (diss) entre MCs masculinos, a questão de gênero fica em segundo plano, pois são femininas todas as coisas negativas citadas pelos rappers para tirar a rima dos outros. É isso mesmo? O que está achando da repercussão?
Lívia Cruz: É assim na diss, é assim na batalha, é assim na rua. Quer ofender um homem? Coloque o cara numa posição de mulher – automaticamente, na mentalidade dos caras, fazer isso é inferiorizar. A questão de gênero, nesse caso, nem é pensada, é automático, muita gente pode justificar isso como sendo cultural e nem se ofender, assim como disseram “ah mas os caras nem falaram nada diretamente pra ela, ou pras minas que tão no corre”, como se eles pudessem classificar quem merece ou não ser ofendida, quem é puta e quem não é. Quanto a repercussão, eu esperava muita crítica e elas vieram, to suave, eu fiz esse som acima de tudo pra mim mesma, essas ideias estavam engasgadas há tempos, eu faço música, eu amo arte de modo geral, acho que a parada é mexer com as pessoas, eu fiquei bem satisfeita por que muita gente sabe que cada linha ali é real e se identificou, independente de ser homem ou mulher, eu não to devendo, eu não me sinto desrespeitando ninguém, ontem fui dormir tranquila e hoje também vou.

ZS: Essa parada gera likes e os blogueiros ficam felizes, mas como está sendo pra você depois do seu disparo certeiro?
Lívia Cruz: Eu quero é mais (risos). Tem uma coisa de momento, né? Às vezes, a gente faz uma parada e não lança, às vezes por insegurança, às vezes por falta de grana pra investir, às vezes por que a gente passa a vontade simplesmente. Uma coisa que foi muito importante pra mim durante a construção dessa letra foi revisitar a minha caminhada, eu escrevi um som de 10 minutos, cortei muita coisa, mas fiz a viagem no tempo e isso me deu uma satisfação enorme, nesse meu momento eu to sem medo, bem segura do que eu fiz até aqui.

ZS: Tem trampo novo vindo por aí?
Lívia Cruz: Tem sim, aguardem e confiem!

Ouça “Eu Tava Lá”:

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