Autodidata, Luana Caroline da Cunha Pivatti Périco aka Luá faz sua estreia na cena musical independente. De Araraquara-SP, aos 26 anos, lançou no último dia 17 (maio), o disco “Sagrado e Profano” em todas as plataformas digitais. Com produção musical de Paiva, a artista traz dez faixas de autoria própria que abordam os estados da mente e letras inspiradas em vivências reais ao longo de sua trajetória.
No disco, Luá flerta com o hip-hop e tem alcance vocal equiparado aos tons femininos de blues e R&B. Apesar da proximidade com o rap, para criar as faixas se afastou do estilo musical para poder trazer a transcendência e espiritualidade de suas crenças no momento de criação. Músicas africanas, andinas, ritualísticas, de ponto foram suas inspirações ao longo desse processo que começou em 2017, um ano depois de se mudar para São Paulo.
“Sagrado e Profano” conta com participações de músicos como Menestrel e Igor Bidi. Com uma linha cronológica, a primeira faixa “Ira” foi escrita em um momento de revolta em relação a cena do rap e aos caminhos que cruzou para poder chegar até o atual momento de sua vida, principalmente em relação ao filho Zaki, de oito anos. Criada por diversas mulheres, Luá considera sua infância e visão do feminino essencial para essa construção, que a fez enfrentar por diversos momentos o machismo e a submissão da mulher. Técnica em instrução de yoga, encontrou também no sagrado feminino sua força para seguir em frente, enfrentar os obstáculos e, consequentemente, criar a sua música.
Ainda sobre “Ira”, logo na primeira frase, cita “inferno, fome e animalidade” como três estados da mente, mas também momentos que já se encontrou ao longo dos seus 26 anos. Como na faixa “Inferno” que traz o universo das drogas e “Tranquilidade”, que considera como sua favorita por ser uma carta de suicídio, escrita em 2017, com referências ao personagem Homem de Sal do guro Osho.
Luá tem uma relação afetiva com a música por conta dos pais, que sempre introduziram diversos sons em sua vida, desde o rap ao rock progressivo. A conexão com o hip hop começou quando dançava break. Aos treze anos trabalhava fazendo tranças afros e escutava muito R&B, e conta que um dia alguém a escutou cantando e sua voz chamou atenção. No início a artista não aceitava muito, mas com o tempo foi se desenvolvendo sozinha, até que um grupo de amigos que cantavam rap gospel a chamaram para se apresentar na igreja, onde cantou um som do grupo Ao Cubo. A partir de então se conectou com a cena do rap nacional.
Em 2014 passou a levar a música como algo profissional ao se tornar backing vocal de um projeto do rapper William Chacal. Em 2016 se mudou para São Paulo com o objetivo de fazer faculdade de produção fonográfica para trabalhar no meio e também fazer o seu próprio som. Em 2017 conheceu a cantora Cynthia Luz, com quem fez algumas parcerias e, em 2019, lançaram juntas a música “Renúncia”. Também neste ano fez parte da campanha da marca Tommy Jeans ao lado de Froid, DJ Nyack e Black Alien.
Em um mês de canal no YouTube, Luá já soma mais de 7,5 mil inscritos, sendo que a música “Alegria“, uma parceria com Menestrel, já tem mais de 46 mil visualizações.