sexta-feira, novembro 22, 2024

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Lucro, inveja, inimigos e vitória são temas que mais repercutem no rap atual

Apesar da diversidade na cena, discurso sobre rapper “vencedor” prevalece

Superação a cada momento, negócios, lucro, inveja por todos os lados e vitória sobre os inimigos. Levantamento feito pelo ZonaSuburbana mostra que estes são temas frequentes nas letras do rap brasileiro e estão entre os mais repercutidos. O site analisou singles e clipes lançados e divulgados em sua página entre janeiro e fevereiro de 2017, no total de 145 músicas.

Desde os primórdios do hip hop, a busca por legitimidade no rap sempre esteve presente na vida dos MCs. A cada época, diferentes gerações – em diferentes contextos sociais – definem quais são os elementos para o tal reconhecimento.

Durante algum tempo, a capacidade de rimar e improvisar esteve em alta. Em outro período, a desenvoltura para falar sobre temas políticos de maneira original foi uma régua de medição. A mescla de beats inusitados com metáforas também fizeram parte dos critérios para a legitimidade no cenário. O estilo gangsta também ditou regras durante muitos anos.

Atualmente, a forma como o artista demonstra que é bem sucedido, seu foco nos negócios e sua luta para não cair num território hostil fazem parte das rimas de muitos rappers. Com parcela de seus ingredientes herdados do gangsta rap, algumas vidas descritas são reais, outras ficam na área do desejo e da bravata, algo que também faz parte do canto falado – que atualmente passou a ter mais melodia graças ao auto-tune.

“Não botaram fé, agora estamos aqui. Essa vai pra quem desacreditou”, quantas vezes ouvimos essas frases nestes 40 anos de hip hop? Quantos posts lemos hoje nas redes sociais mostrando o quanto é preciso lutar para permanecer relevante na cena?

Facebook Post – sunday

Vale ressaltar que no levantamento do ZonaSuburbana que representa apenas parte do que é feito no rap brasileiro– há uma maioria masculina discursando sobre viver nessa tensão e ter que provar que é real. Nesse caldo, a hipermasculinidade, o machismo, a exposição do corpo feminino e a reprodução de padrões de beleza são somados ao luxo e ao uso da “melhor maconha”.

A qualidade das rimas ou beats não foram colocados na balança neste estudo do ZS, mas o estilo trap parece ser o preferido dos MCs para falar do mundo restrito ao rap game atual.

OUTROS TEMAS
Ao contrário do que muitos pensam, o rap consciente, aquele que trata de diversas formas desigualdade social, continua sendo feito em grande número e tem adeptos entre a nova geração (36%). Um grande exemplo é o rap feito por feministas e gays, ala que vem propondo o debate sobre machismo, homofobia, racismo e transfobia, entre outros assuntos.

Raps sobre sexo e amor também foram destaque entre os dois primeiros meses de 2017. Rimas abstratas, espiritualidade e raps existenciais aparecem em menor número entre janeiro e fevereiro.

HEGEMONIA
Apesar da diversidade na cena, os temas que são mais repercutidos entre os fãs de rap são os relacionados ao que empresta legitimidade aos rappers como homens de negócios em meio aos lucros e baladas enfumaçadas. Diss tracks também bombam com intensos debates nas redes sociais. Estes temas representam 30% dos lançamentos do ZS, mas ganham mais destaque nas redes sociais por estarem ligados ao que é feito no rap mainstream dos EUA. Enfim, por uma série de fatores, esses raps mostram o que é tido como prioridade no momento de criação de cada MC.

Estes artistas do rap do brasileiro, como em outras épocas, seguem as tendências e abraçam a mentalidade de sua geração. Afinal, basta assistir aos clipes dos rappers de diferentes partes do mundo para notar o atual e lucrativo discurso hegemônico.

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