Ancestralidade, caminhos e desejos. Estes princípios dão o rumo da nova coleção de Naya Violeta na maior semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week, alinhavando diálogos e afetividade ao chamamento da pausa, do aterramento e da construção de um futuro diverso e potente – indo de encontro à maré de ansiedade que vislumbra no horizonte; enfim, destilando a seiva do tempo presente maturada pela afro-ancestralidade.
Centrado na figura de Irôko, o orixá-árvore por onde os deuses desceram à terra, a divindade-paciente, o conceito da criação resgata o tempo mítico para dar ao agora a pausa necessária do aterramento, do autocultivo, do renascimento… Caminhos que inevitavelmente passam pela abertura do diálogo. “O que virá amanhã” não surge, então, nem só como pergunta ou como afirmação, o nome é dado à ambiguidade para que cada um sugira a própria interpretação a respeito da existência futura – que será variada e abundante como o Brasil. “Acho que estamos vivendo o afro-futurismo. Quero dizer, ele não está lá na frente, esperando pra acontecer: o futuro é agora! E no maior evento de moda da América Latina, esses corpos pretos no fundo celebram o Brasil, mostram a nossa existência. É um presente para nós”, comenta a ativista e apoiadora da marca, Preta Ferreira.
A estilista Naya Violeta adota como perspectiva no elemento criativo das peças, o olhar pessoal e afetivo, assim como o caráter autobiográfico e narrativo. Desta vez, “invocando a força do tempo para nos cobrir de axé”, leva às passarelas um mix maior de estampas exclusivas e deixa entrever a influência de Abdias do Nascimento, principalmente por sua potência simbólica na formação identitária da cultura preta.
As peças carregam camadas e sobreposições em fibras naturais, como linho e algodão, demarcando o recorte da estação outono/inverno num país tropical. Essa edição será composta por 26 looks cheios de estampas exclusivas em produção de combinações invernais com a Mule Havaianas Flatform Gomos em um plush moderno e confortável da Havaianas, apoiadora da marca nesta edição. São peças com recortes de bolsos, babados e elementos gráficos que acompanham a linha criativa do tema. Os adornos da coleção seguem assinados pela estilista Dani Guirra, parceira de Naya nos últimos trabalhos.
Além disso, um time de peso se junta ao casting de modelos para levar as criações para a edição N53 do evento. Entre eles, a apresentadora Bela Gil, a poetisa Dona Jacira, as ativistas Carmem Silva e Sônia Guajajara. Da cena musical, ícones como Héloa, Harlley (Quebrada Queer), Max B.O., Aquelien e Isis Broken. A trilha sonora contará com a presença especial da já citada Héloa, num set exclusivo, embalando a coleção na passarela. “Me sinto imensamente feliz por essa comunhão entre o meu trabalho e o de Naya e de poder levar minhas canções e composições para a passarela da SPFW ao lado de um trabalho autoral tão rico que é o dela”, revela Héloa, “a nossa conexão surge dentro de um mesmo propósito: o olhar para esse Brasil profundo e diverso. E assim é o yIDé, meu terceiro álbum, que tem a sua força calcada nas matrizes afro-indígenas aportadas no Brasil, um encontro que reverencia os nossos ancestrais e todos que vieram antes. É um grito de liberdade que mira um futuro mais equânime. Vozes, corpos, territórios pretos, femininos, indígenas, anciões invadindo a passarela”.
A presença de Naya Violeta, se dá pelo Projeto Sankofa, resultado da parceria inicial entre o movimento Pretos na Moda e a startup de inovação social Vamo (Vetro Afro Indígena na Moda). A coleção da marca conta com os patrocínios do Mega Moda Park, do Ministério Público do Trabalho de Goiás e do Projeto Mais um Sem Dor.
Serviço:
Naya Violeta na SPFW N53
Desfile da coleção “O que virá amanhã”
02 de junho, quinta-feira, às 17h30
Senac Lapa Faustolo – Rua Faustolo, 1347 – Lapa, São Paulo
Assista nas redes oficiais da SPFW