O que em 2015 era apenas um passatempo acabou tomando forma e volume durante o isolamento social, período em que os shows foram cessados, mas a mente criativa de Max B.O. – um dos nomes mais importantes do rap nacional – não parou um segundo sequer. A iniciação no universo das artes plásticas começou com colagens, por meio da criação do Colarteum, perfil onde reúne suas obras. “Comecei com cola, papel e tesoura. Não queria usar mais nada, nem estilete”. Para um cara que arquiteta cada palavra de suas rimas numa velocidade de pensamento impressionante, só esses itens pareciam pouco. Foi, então, que começou a incorporar em seu trabalho as peças do cotidiano: parafusos de trilho de trem, moedas, chaves e até um relógio quebrado do próprio artista.
Expondo essas criações, inicia a mostra ‘Ojú Adé – o Olho da Coroa’ no Tendal da Lapa, a partir do dia 10 de agosto. A icônica exposição se divide em três principais pilares: uma passagem pelo período das colagens com homenagens a Maria Bethânia e Gilberto Gil; um mergulho profundo por obras finalizadas em resina epóxi com desenhos, colagens de objetos como botões, plugs de mixer, búzios, entre vários outros; e sua série mais recente, composta por 26 azulejos, intitulada “Orixás, Santos Pretos e Entidades”, com ícones como o Panteão do Candomblé, Zé Pilintra, Santa Sara e Caboclo de Lança.
“Algumas dessas são inspiradas em meus ancestrais e meus guias, como Sultão das Matas e Capa de Aço, entidades do Ilé Asé Opo Baragbo, minha casa de Asé”, destaca.
A exibição conta ainda com “Ogó”, uma escultura feita especialmente para essa estreia, além do quadro “Criolé sobre o Chão do Vai Vai”, um dos mais significativos. A obra é uma homenagem a Otávio Câmara do Nascimento, criador do personagem que está reproduzido com pintura, lantejoulas e um pedaço do piso da demolição da escola de Samba Vai Vai, onde Max faz parte da ala dos compositores.
“Meus trabalhos são patuás de parede. Elas trazem significados peculiares e energias dos objetos que elas carregam”.
“Ojú Adé”, nome de iniciação do artista no candomblé, significa “Olho da Coroa”. A curadoria é do grafiteiro Bonga e da galerista Ceres Macedo.
Em sua primeira incursão no mundo das artes plásticas, teremos a oportunidade de vasculhar a mente inquieta e criativa de um dos artistas mais importantes da música brasileira que, agora, nos convida a conhecê-lo além das rimas.
Serviço:
Ojú Adé – o Olho da Coroa no Tendal da Lapa10 de agosto a 15 de setembro
Terça a sexta das 09h até 20h | Sábado das 09h até 15h | Aos domingos, de acordo com a programação (vide horário de funcionamento nas redes sociais)
Entradas gratuitas
R. Guaicurus, 1100 – Água Branca, São Paulo – SP, 05033-002